Mundo

Irã dispara mísseis contra Israel em resposta aos ataques contra instalações nucleares

Em Jerusalém, explosões foram ouvidas após o alerta de mísseis

Irã dispara mísseis contra Israel em resposta aos ataques contra instalações nucleares
Irã dispara mísseis contra Israel em resposta aos ataques contra instalações nucleares
Imagem mostra rastros de foguetes no céu em Netanya, em 13 de junho de 2025. Sirenes de ataque aéreo soaram em Jerusalém e fortes explosões foram ouvidas. Foto: JACK GUEZ/AFP
Apoie Siga-nos no

Irã disparou, nesta sexta-feira 13, mísseis contra “dezenas de alvos” em Israel, em resposta ao ataque sem precedentes daquele país contra instalações nucleares e militares iranianas, que matou altos comandantes do Exército e da Guarda Revolucionária.

Reconhecendo que Teerã tem a capacidade de causar danos “significativos”, o Exército israelense anunciou que o Irã havia disparado dezenas de mísseis em sua direção e ordenou à sua população que se dirigisse aos abrigos.

Em Jerusalém, soaram as sirenes e, pouco depois, ouviram-se explosões. Em seguida, o Exército suspendeu a ordem de permanência nos abrigos, mas pediu à população que não se afastasse desses espaços protegidos.

Sete pessoas ficaram levemente feridas no centro do país, declarou Eli Bin, porta-voz dos socorristas do Magen David Adom, o equivalente israelense da Cruz Vermelha, ao canal 12 da televisão israelense. Em imagens divulgadas pelo canal, via-se o que parecia ser um prédio atingido por um míssil.

Os socorristas israelenses afirmaram que estão “atendendo a vários incidentes graves”, tentando resgatar pessoas presas em edifícios.

Israel declarou que, ao atacar civis, o Irã cruzou uma “linha vermelha”.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, destacaram “a importância da diplomacia e do diálogo”, mas o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, descartou todos os apelos à moderação “após a agressão israelense”, em palavras dirigidas a seu homólogo britânico, David Lammy.

“Resposta firme e precisa”

Em Teerã, a Guarda Revolucionária, o exército ideológico iraniano, assegurou em um comunicado divulgado por meios estatais que seu país “realiza uma resposta firme e precisa contra dezenas de alvos, bases e infraestruturas militares do regime sionista”.

A televisão estatal iraniana afirmou, por sua vez, que o Exército da República Islâmica derrubou dois caças israelenses.

Horas antes, Israel havia lançado um ataque massivo e sem precedentes contra o Irã, bombardeando instalações nucleares e militares, assim como a capital, Teerã, em uma operação que a República Islâmica considerou “uma declaração de guerra”.

Os bombardeios israelenses mataram altos comandantes iranianos, entre eles o chefe do Estado-Maior do Exército, o chefe da Guarda Revolucionária e o comandante da força aeroespacial desse corpo armado.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a operação, batizada de “Leão Ascendente”, atingiu “o coração do programa de enriquecimento nuclear iraniano”.

Ele também previu “várias ondas de ataques iranianos” em resposta à ofensiva, que continuará “por tantos dias quanto for necessário”, tendo mobilizado 200 caças.

Após a inédita onda de bombardeios, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, nomeou um novo chefe do Estado-Maior e um novo responsável pela Guarda Revolucionária.

“Em breve se abrirão as portas do inferno sobre esse regime assassino de crianças”, ameaçou Mohamad Pakpur, o novo comandante da Guarda Revolucionária, em referência a Israel.

O presidente iraniano, Masud Pezeshkian, conversou com seu homólogo russo, Vladimir Putin, e lhe garantiu que o Irã “não busca obter a arma nuclear”. Também declarou estar disposto a “oferecer garantias a esse respeito às autoridades internacionais competentes”, segundo uma declaração da presidência iraniana.

“Vladimir Putin destacou que a Rússia condena as ações de Israel, que violam a Carta das Nações Unidas e o direito internacional”, afirmou por sua vez o Kremlin, acrescentando que o presidente russo transmitiu a Netanyahu “sua disposição para mediar” o conflito e evitar uma escalada maior.

“Viver com medo”

As ruas de Teerã estavam desertas nesta sexta-feira, salvo pelas filas que se formaram nos postos de gasolina, algo habitual em tempos de crise.

Várias explosões sacudiram a cidade e seu subúrbio durante a noite, reportou a Irna.

“Por mais quanto tempo vamos viver com medo?”, perguntou-se Ahmad Moadi, um aposentado de 62 anos. “Como iraniano, acredito que deve haver uma resposta contundente, uma resposta dura”, a Israel, acrescentou.

O governo israelense, que declarou estado de emergência, mobilizou reservistas em todo o país “como parte dos preparativos [do Exército] de defesa e ataque”, informou a força armada.

Trump instou o Irã a alcançar um acordo sobre seu programa nuclear ou se expor a ataques “ainda mais brutais”, enquanto as negociações sobre esse tema entre Teerã e Washington estão paralisadas.

Os Estados Unidos, aliados de Israel, afirmaram que não participaram da ofensiva, mas Teerã disse que Washington será “responsável pelas consequências”, já que a operação israelense “não conseguiria ser realizada” sem sua “coordenação” e “autorização”.

O Exército israelense afirmou ter informações que provam que Teerã está se aproximando do “ponto sem retorno” para desenvolver a bomba atômica.

Segundo a força armada, “o regime iraniano tem”, além disso, “um plano concreto para destruir o Estado de Israel”.

As potências ocidentais, incluindo Estados Unidos e Israel, acusam o Irã de buscar desenvolver armas nucleares, uma alegação que Teerã nega.

No fim de maio, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) indicou, em um relatório confidencial, que Teerã havia acelerado seu ritmo de produção de urânio enriquecido.

A chancelaria iraniana, no entanto, tachou o documento de “político” e acusou a agência de “se basear em fontes de informação pouco confiáveis e enganosas fornecidas” por Israel.

A agência nuclear das Nações Unidas convocará na segunda-feira uma reunião extraordinária de sua Junta de Governadores a pedido do Irã, informaram diplomatas do organismo à AFP.

Israel lançou vários ataques contra a central nuclear de Natanz, no centro do país.

A imprensa local também reportou uma “enorme explosão” na noite desta sexta-feira (hora local) em Isfahan, cuja província abriga várias infraestruturas nucleares, como a instalação de Natanz.

As forças de defesa aérea do Irã também interceptaram “projéteis” nos céus de Teerã, indicou a agência de imprensa oficial Irna, depois de Israel prometer que manteria a pressão.

Anteriormente, três instalações militares do noroeste do país foram atacadas, segundo a televisão iraniana. Nessa região, 18 pessoas morreram e outras 35 ficaram feridas, noticiou a Irna.

A AIEA confirmou que a instalação de Natanz foi atingida, mas assegurou que não observou nenhum aumento nos níveis de radiação na região.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo