Mundo
Exército de Israel inicia manobras militares para tomar a Cidade de Gaza
O local foi totalmente cercado nesta quinta-feira 21


A Cidade de Gaza está sob cerco total das forças israelenses, que lançaram uma ofensiva de larga escala nesta quinta-feira 21 para tomar o que alegam ser o último grande bastião do Hamas no território palestino.
O plano de tomada da cidade palestina foi aprovado na quarta-feira 20 pelo ministro israelense da Defesa, Israel Katz, e ainda aguarda o aval final do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, previsto para esta quinta-feira.
Segundo o exército israelense, cinco divisões, compostas por dezenas de milhares de soldados, participam da operação, que começou com bombardeios intensos nos bairros de Jabalia al-Balad, al-Nazla e al-Sabra.
O porta-voz do exército, general Effie Defrin, declarou que as forças israelenses estão nas periferias da cidade e que a operação visa criar condições para a libertação dos reféns ainda mantidos em Gaza. Segundo o exército, 49 reféns permanecem em cativeiro, dos quais 27 já foram declarados mortos.
Desde o início da guerra, Israel afirma ter eliminado cerca de 2 mil combatentes do Hamas e atingido 10 mil alvos. As ações, porém, causaram a morte de mais de 60 mil civis.
Proposta do Hamas aguarda retorno
Israel, apesar da escalada militar, segue sem responder formalmente à proposta de trégua apresentada por mediadores do Egito, Catar e Estados Unidos. Os termos foram acatados pelo Hamas na segunda-feira 18.
A proposta prevê uma trégua de 60 dias, troca de reféns por prisioneiros palestinos e aumento da ajuda humanitária. O Hamas criticou a ofensiva como um “desrespeito flagrante” aos esforços diplomáticos.
A ofensiva ocorre em meio a fortes divisões internas em Israel. Segundo o jornal Times of Israel, 40% dos reservistas não estão respondendo às convocações. Ao todo, 60 mil homens foram chamados na quarta-feira. Um estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém revelou que 47% dos reservistas ativos expressam sentimentos negativos em relação ao governo Netanyahu e sua condução do conflito.
Situação desesperadora
Moradores de Gaza relatam, nesta quinta-feira, uma situação desesperadora. “A casa treme, vivemos com o som de explosões, aviões de guerra e ambulâncias. O barulho se aproxima, mas para onde ir?”, disse Ahmad al-Shanti. Amal Abdel al-Al, que fugiu de al-Sabra, afirmou: “Ninguém dorme em Gaza há uma semana. O céu se ilumina com os bombardeios.”
Palestinos disputam a pouca comida que entra em Gaza.
Foto: AFP
Intolerável
A Cruz Vermelha Internacional classificou a intensificação dos combates em Gaza como “intolerável”, alertando para mais mortes, deslocamentos e destruição em um território já devastado.
A ONU, por sua vez, tem alertado para o agravamento da fome no enclave, que pode resultar em ainda mais mortes de crianças. O chefe da agência para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, alertou que crianças em Gaza correm risco iminente de morte por desnutrição.
Dados da agência mostram um aumento de seis vezes nos casos desde março. “Muitos não sobreviverão”, afirmou Lazzarini nesta quinta, classificando a situação como uma “fome fabricada e deliberada”, onde a comida é usada como arma de guerra.
A crise alimentar se agrava com o cerco militar e o bloqueio ao acesso de ajuda humanitária. Em maio, um monitor global de fome indicou que meio milhão de pessoas em Gaza enfrentavam risco de inanição.
(Com RFI)
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