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Ex-presidente Sarkozy fura fila da vacina na França

‘Por que ele, que completou 66 anos no dia 28 de janeiro, já recebeu a primeira dose do imunizante?’, perguntou a revista L’Express

Ex-presidente Nicolas Sarkozy. Foto: Bertrand Guay/AFP
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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy furou a fila da vacinação contra Covid-19 no país europeu, revelou a revista L’Express na quarta-feira 17. Nesta quarta-feira, a informação foi confirmada por outros veículos da imprensa francesa.

Sarkozy, de 66 anos, recebeu a primeira dose de vacina em janeiro, no Hospital Militar de Percy, em Clamart, na periferia de Paris. Não está claro qual vacina ele tomou.

O problema é que a vacinação na França só vem sendo aplicada para pessoal médico, moradores de lares de idosos e funcionários desses estabelecimentos com mais de 50 anos e idosos em geral com mais de 75 anos. Há exceções para casos de pessoas com comorbidades graves.

“Por que Nicolas Sarkozy, que completou 66 anos no dia 28 de janeiro, já recebeu a primeira dose do imunizante?”, perguntou a revista L’Express. O ex-presidente não quis comentar o caso.

Ex-presidentes não fazem parte de grupos prioritários na França. O ex-presidente François Hollande, que também tem 66 anos, ainda não foi vacinado e já disse que pretende esperar sua vez. Segundo a rádio France Info, Sarkozy teria conseguido a vacina alegando que sofre de uma comorbidade grave. Mas a natureza dessa comorbidade não foi revelada. Questões de saúde são protegidas pelo sigilo médico na França.

O caso envolvendo Sarkozy também chamou a atenção porque o ex-presidente vem criticando a estratégia de vacinação na França, reclamando publicamente que o governo tem demorado em aplicar vacinas.

O governo vem prometendo vacinar toda a população até o final do verão europeu, em setembro, mas o ritmo tem sido lento. Até quarta-feira, 3.329.461 doses de vacinas contra a Covid-19 haviam sido aplicadas na França – 923.289 pessoas receberam a segunda dose.

O caso de Sarkozy não é o único do tipo na Europa. No final de janeiro, o chefe do Estado-Maior da Espanha pediu demissão após a imprensa revelar que ele e outros generais furaram fila da vacina. A imprensa também revelou que várias autoridades locais e membros de forças de segurança furaram a fila da vacina na Alemanha.

Imagem arranhada

O episódio envolvendo Sarkozy também deve erodir ainda mais sua imagem pública. O ex-presidente já é réu em um processo por suspeita de corrupção e tráfico de influência no chamado “caso das escutas”.

O caso das escutas telefônicas tem origem em outro caso que ameaça Sarkozy, que envolve suspeita de que sua campanha recebeu financiamento do regime líbio de Muammar Gaddafi durante a corrida presidencial de 2007.

A Justiça decidiu grampear o telefone do ex-presidente. Investigadores apontaram que Sarkozy tinha uma linha secreta na qual usava o pseudônimo de “Paul Bismuth”.

Segundo os investigadores, algumas conversas revelaram a existência de um pacto de corrupção. Junto com seu advogado, Thierry Herzog, Sarkozy teria tentado obter informações secretas de outro processo por meio do juiz Gilbert Azibert. Azibert também teria tentado influenciar seus colegas de tribunal. Em troca, Sarkozy teria prometido ao magistrado ajudá-lo a conseguir um cargo altamente cobiçado no Conselho de Estado de Mônaco.

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