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Ex-policial dos EUA é condenado a quase 3 anos de prisão por morte de Breonna Taylor
O assassinato, em 2020, motivou uma série de protestos no país; governo Trump queria a absolvição do ex-agente
Uma juíza federal dos Estados Unidos rejeitou, nesta segunda-feira 21, o pedido de clemência do Departamento de Justiça do governo do presidente Donald Trump e condenou um ex-policial a quase três anos de prisão por violar os direitos civis de uma mulher negra, cuja morte em 2020 desencadeou protestos generalizados.
Brett Hankison, ex-detetive do Departamento de Polícia de Louisville, foi condenado em novembro, por um tribunal do júri, por abuso dos direitos civis de Breonna Taylor devido aos disparos que efetuou durante uma operação mal-sucedida em sua residência.
Em uma intervenção incomum, Harmeet Dhillon, chefe da Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça do governo Trump, solicitou à juíza Rebecca Jennings na semana passada que condenasse Hankison ao período já cumprido, pelo único dia em que o policial esteve preso quando foi detido.
No entanto, Jennings, nomeada por Donald Trump durante seu primeiro mandato (2017-2021), recusou o pedido e expressou preocupação com o apelo por clemência, informou o Louisville Courier Journal.
A magistrada o condenou a 33 meses de prisão e três anos de liberdade vigiada. Ele enfrentava a pena máxima de prisão perpétua.
As mortes de Breonna, de 26 anos, e de George Floyd, um homem negro de 46 anos morto por um policial branco em maio de 2020, provocaram uma onda de protestos nos Estados Unidos e no exterior contra a injustiça racial e a brutalidade policial.
Em março de 2020, Breonna e seu parceiro, Kenneth Walker, dormiam em seu apartamento em Louisville quando ouviram um barulho na porta.
Walker achou que um intruso estava entrando em sua casa, disparou sua arma e feriu um agente.
A polícia, que havia obtido um mandado de busca controverso para uma prisão relacionada a drogas, respondeu com mais de 30 disparos. Breonna foi atingida e morreu.
Hankison efetuou dez disparos durante a operação, mas não feriu ninguém.
Em seu memorando, Dhillon argumentou que uma longa pena de prisão para Hankison seria “injusta”.
“Hankison não disparou contra Taylor e não é responsável por sua morte”, declarou.
“Hankison não feriu nem ela nem qualquer outra pessoa no local dos fatos naquele dia, embora tenha disparado sua arma de serviço às cegas dez vezes contra a casa de Taylor.”
Em resposta ao veredicto desta segunda, os advogados da família Taylor destacaram que, embora a sentença não refletisse plenamente a gravidade do dano causado, era superior ao que o Departamento de Justiça havia solicitado.
“Respeitamos a decisão do tribunal, mas continuaremos denunciando a incapacidade do Departamento de Justiça de defender firmemente os direitos de Breonna e de todas as mulheres negras cujas vidas são tratadas como descartáveis”, disseram em comunicado.
Em maio, o Departamento de Justiça anunciou que retirava as queixas apresentadas pelo governo do ex-presidente Joe Biden contra as forças policiais de Louisville e Minneapolis.
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