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Ex-advogado de Trump reconhece que mentiu para beneficiar o ex-presidente
Cohen afirma que, a pedido de seu então chefe, pagou de seu bolso 130 mil dólares a uma atriz pornô com objetivo de ocultar segredos de Trump
Michael Cohen, outrora fiel colaborador e homem de confiança de Donald Trump, reconheceu ter mentido em favor do ex-chefe e de ter usado de intimidação, ao testemunhar nesta segunda-feira (13), no julgamento em Nova York, contra o magnata.
Depois do depoimento de Stormy Daniels na semana passada, Cohen, ex-advogado de Trump, é a testemunha mais importante da acusação, que tenta comprovar que o ex-presidente falsificou registros contábeis para ocultar o pagamento à ex-atriz na reta final das eleições de 2016.
Na audiência desta segunda-feira, a promotora Susan Hoffinger perguntou a Cohen se ele alguma vez mentiu por Trump ou se intimidou pessoas.
“Sim… Era o que tinha que ser feito para cumprir a tarefa”, respondeu Cohen, que de vez em quando se virava para olhar para Trump, afundando impassivelmente na cadeira.
Cohen afirma que, a pedido de seu então chefe, pagou de seu bolso 130 mil dólares a Daniels (684 mil reais na cotação atual) para comprar seu silêncio sobre uma relação sexual ocorrida em 2006, negada pelo magnata.
Quando já era presidente, Trump o reembolsou de maneira parcelada, simulando despesas legais, segundo a Promotoria.
O ex-advogado, apelidado “pitbull” pela forma como defendia seu ex-chefe, já se declarou culpado e foi condenado a três anos de prisão – cumpriu apenas 13 meses e um ano e meio de prisão domiciliar – por mentir ao Congresso e por crimes financeiros e eleitorais.
Em uma semana difícil para Trump, de 77 anos, que aspira voltar à Casa Branca nas eleições de novembro, Daniels contou com detalhes sua suposta noite com o magnata durante um torneio de golfe para ricos: desde seu pijama, suas roupas íntimas, a posição sexual e que não possuía preservativo.
Detalhes que a defesa considerou irrelevantes para o caso e pelos quais pediu ao juiz Juan Merchan a anulação do julgamento por duas vezes, sem sucesso.
Ao longo de três semanas, o júri que selará o destino do magnata em plena campanha eleitoral ouviu várias declarações de que Cohen era uma pessoa difícil, que intimidava, persuadia os outros para conseguir o que queria.
Para os advogados da defesa, ele é um mentiroso patológico e um criminoso convicto.
“Respaldado por documentos”
“Tudo o que disse está respaldado por documentos”, afirmou à AFP uma fonte próxima a Cohen.
Se a semana passada foi complicada para o magnata, proibido pelo juiz Merchan de falar com as testemunhas em público, a semana que começa pode ser pior com o depoimento de Cohen, uma das duas últimas testemunhas que a acusação pretende chamar.
Sua relação se desgastou após o acordo secreto com Daniels tornar-se público em 2018. O magnata chamou Cohen de “rato”, que chamou o republicano de “chefão da máfia”.
Trump, que ao chegar ao tribunal repetiu que é vítima de uma “caça às bruxas” e de “interferência eleitoral”, discursou no sábado em um comício em Nova Jersey e voltou a criticar o juiz, assim como o promotor do tribunal de Manhattan, Alvin Bragg, que classificou como “democrata radical”.
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de tentar reverter o resultado da eleição de 2020 e de levar documentos confidenciais ao deixar a Casa Branca em 2021, embora este julgamento tenha sido adiado e não tenha data prevista.
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