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Evo Morales se aproxima da reeleição e oposição denuncia fraude

Alguns sectores da oposição defenderam uma ‘rebelião’ em caso de vitória de Morales no primeiro turno

Presidente da Bolívia, Evo Morales. Foto: AIZAR RALDES / AFP
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O presidente Evo Morales está muito perto de conquistar a reeleição no primeiro turno na Bolívia e seu rival Carlos Mesa denunciou uma fraude, em meio a protestos violentos após a divulgação de uma surpreendente mudança de tendência na apuração dos votos a favor do atual governante.

A  apuração das atas (TREP), retomada no fim da tarde de segunda-feira, mostra Morales com 46,4% dos votos e Mesa com 37,7%, após a apuração de 95,30% das urnas, o que significa que o presidente está muito próximo de evitar o segundo turno com o principal rival.

Segundo a Constituição boliviana, para vencer no primeiro turno o candidato deve obter mais de 50% dos votos votos válidos ou aos menos 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado.

A missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou “preocupação e surpresa” com a mudança “drástica” na contagem dos votos – que permaneceu suspensa por 20 horas após o fim da votação no domingo -, depois a tendência inicial antecipava o segundo turno.

Após a guinada inesperada e a denúncia da oposição, milhares de pessoas protestaram em cinco das nove regiões da Bolívia. Os incidentes mais graves foram os incêndios em centros eleitorais de Sucre (sudeste) e Potosí (sudoeste).

Uma multidão enfurecida incendiou a fachada da sede do Tribunal Eleitoral de Sucre, a capital administrativa boliviana, aos gritos de “fraude”.Um protesto similar foi registrado na sede eleitoral de Potosí.

A oposição também protestou e entrou em conflito com a polícia em Oruro (sul), Cochabamba (centro) e La Paz, enquanto simpatizantes do governo reivindicavam a reeleição do presidente, de 59 anos, no primeiro turno.

Alguns sectores da oposição defenderam uma “rebelião” em caso de vitória de Morales no primeiro turno, em um clima de grande suspeita.  Um clima de suspeita domina a Bolívia desde que o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) suspendeu a apuração na noite de domingo.

“Não vamos reconhecer estes resultados, que são parte de uma fraude consumada de maneira vergonhosa e que está colocando a sociedade boliviana em uma situação de tensão desnecessária”, declarou Mesa a meios de comunicação de Santa Cruz, no leste do país.

Em um comunicado, a missão de observadores da OEA expressou sua “profunda preocupação e surpresa pela mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após o fechamento das urnas”.

Mesa, que presidiu o país entre 2003 e 2005, denunciou algumas horas antes aos observadores da OEA que o organismo eleitoral “interrompeu arbitrariamente” a contagem dos votos e repetiu que acredita no segundo turno.

O OEP suspendeu a divulgação da apuração no domingo, após um único boletim da contagem rápida de 84% das atas que mostrava 45,28% para Morales e 38,16% para Mesa, resultado que antecipava o segundo turno em 15 de dezembro.

Diversos países, incluindo Estados Unidos, Argentina, Brasil e Colômbia, também manifestaram preocupação com a situação na Bolívia.

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