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Evo Morales no poder ameaçava democracia na Bolívia, diz Itamaraty

Morales foi uma das poucas figuras da esquerda sul-americana que compareceu à posse de Bolsonaro

Ex-presidente da Bolívia, Evo Morales. Foto: HO / Bolivian Presidency / AFP
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O governo brasileiro avaliou nesta terça-feira 12 que a permanência de Evo Morales no poder teria ameaçado a “ordem democrática” na Bolívia, depois que a OEA constatou que ele se “beneficiou” de uma fraude nas eleições de 20 de outubro.

“A renúncia de Evo Morales abriu caminho para a preservação da ordem democrática, a qual se veria ameaçada pela permanência no poder de um presidente beneficiado por fraude eleitoral”, afirmou a chancelaria em comunicado.

O governo de Jair Bolsonaro divulgou o comunicado pouco depois de o líder indígena chegar ao México, país que, sob o governo de Andrés Manuel López Obrador, concedeu asilo político a ele. “O processo constitucional está sendo preservado em sua integralidade na Bolívia”, acrescentou.

Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, renunciou pressionado pelas Forças Armadas em meio a uma onda de protestos. Uma auditoria da Organização de Estados Americanos (OEA) constatou que houve “irregularidades sérias” nas eleições de 20 de outubro em que Morales saiu vitorioso no primeiro turno disputado com seu maior rival Carlos Mesa, ex-presidente do país.

Na carta de renúncia que enviou ao Congresso, Morales garante ter se tratado de uma “renúncia obrigada” derivada de um “golpe de Estado político, cívico e policial”.

O governo de Bolsonaro “rejeita inteiramente a tese de estaria havendo um golpe na Bolívia”, ressalta o comunicado. “A repulsa popular após a tentativa de estelionato eleitoral (constatada pela OEA), o qual favoreceria Evo Morales, levou à sua deslegitimação como presidente e consequente clamor de amplos setores da sociedade boliviana por sua renúncia”, acrescentou a chancelaria.

Embora seja um presidente abertamente anti-esquerdista, Bolsonaro manteve relações cordiais com Morales e em junho do ano passado chegou a elogiá-lo por dar “sinais de querer afastar-se do Foro de São Paulo”, uma articulação de partidos e movimentos de esquerda latino-americanos.

Morales, eleito pela primeira vez em 2006 e que buscava seu quarto mandato consecutiva, foi uma das poucas figuras da esquerda sul-americana que compareceu à posse de Bolsonaro. Além disso, Brasil e Bolívia negociam a extensão de um contrato fornecimento de gás boliviano que chega ao fim em dezembro.

O governo de Bolsonaro afirmou, na nota de chancelaria, que está “está pronto a colaborar com as autoridades interinas da Bolívia de modo a contribuir para uma transição pacífica, democrática e constitucional” e que “deseja manter e aprofundar sua amizade e cooperação com a Bolívia em todas as áreas”.

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