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Europa se prepara para evitar coronavírus após epidemia na Itália

Hoje, haverá uma reunião dos ministros da Saúde de Itália, França, Suíça, Áustria, Eslovénia, Croácia, Alemanha e um representante da UE

Créditos: Miguel MEDINA / AFP
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A Itália registra 7 mortes pelo coronavírus, todos idosos e com patologias anteriores. Nesta terça-feira (25), a Proteção Civil italiana confirma 231 casos de contaminação, a maioria no norte do país, mas infectados foram descobertos pela primeira vez em Florença e Palermo. O paciente número “1”, um homem de 38 anos, segue internado. No entanto, o estopim da epidemia, isto é, o “paciente zero”, ainda é desconhecido. Equipes da Organização Mundial da Saúde (OMS) estão na Itália para ajudar no combate ao Covid-19 e Roma organiza nesta terça-feira (25) uma reunião com ministros da saúde de 7 países europeus.

Equipes da OMS e do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) já estão no norte do país para ajudar as autoridades italianas a melhor entender essa epidemia que apresenta evidências de uma possível transmissão local do vírus. Os especialistas vão dar suporte nas áreas de administração clínica, prevenção e controle de infecções, observação e comunicação de risco. No atual contexto, explica uma nota da OMS, “o foco é reduzir novas transmissões de humanos para humanos”.

A Comissão europeia descarta restabelecer o controle das fronteiras. Está marcada para esta tarde aqui em Roma uma reunião dos ministros da Saúde de Itália, França, Suíça, Áustria, Eslovénia, Croácia, Alemanha e um representante da União Europeia para determinar a linha de ação comum de combate ao vírus.

O último boletim OMS divulgado na noite da segunda 24 enumerava 77.362 casos de coronavírus e 2.618 mortes na China. Fora do território chinês, a OMS confirmou outros 2.074 casos em 28 países e ao menos 23 mortes. Números que para a OMS ainda não fazem do Covid-19 uma pandemia global.

Situação mais grave no norte do país

Desde domingo 23, a rotina mudou completamente no norte da Itália. Houve uma corrida frenética a supermercados e farmácias em toda a região. Foram canceladas manifestações públicas – inclusive o carnaval de Veneza –, aulas em escolas e universidades, assim como permanecem fechados museus, igrejas e repartições públicas.

Ainda em Veneza, o início das gravações de Missão Impossível 7 foi prorrogado para daqui a três semanas. Os jogos do campeonato italiano na região vão acontecer com portões fechados ao público, assim como os desfiles da Semana da Moda de Milão.

O Consulado do Brasil em Milão publicou uma nota na segunda-feira 24 em que recomenda aos brasileiros que “evitem deslocamentos não essenciais às regiões atingidas pela epidemia de coronavírus, sobretudo às províncias de Lodi e Milão”.

Lei nacional extraordinária

Está em vigência no país uma lei nacional extraordinária de combate à epidemia. São 11 as cidades isoladas da chamada “zona vermelha”, 10 na região da Lombardia e uma na região do Vêneto, onde os primeiros casos positivos foram confirmados.

Aproximadamente 55 mil pessoas estão em regime de confinamento. As ações fazem parte do pacote extraordinário de medidas de contraste à difusão do vírus promulgado pelo governo italiano no último domingo.

Porém, outras regiões da Itália também adotaram medidas de proteção. Em Roma, por exemplo, foi cancelada a prova de admissão para medicina da Universidade Biomédica à qual participariam 2.800 candidatos nesta terça-feira (25). Em L’Aquila, o atendimento ao público na prefeitura está suspenso até 5 de março. Já no Vaticano está mantida a audiência geral do papa Francisco na praça São Pedro nesta quarta-feira 26.

Estopim da epidemia

Médicos e autoridades ainda seguem intrigados sem saber como vírus chegou à Itália. O homem de 38 anos que segue internado é considerado o “paciente 1”. Mas quem o teria contagiado segue sendo um mistério. E talvez o estopim italiano do Covid-19 nunca venha a ser descoberto.

Em entrevista publicada no Corriere della Sera , Massimo Galli, responsável pelo setor de doenças infecciosas do Hospital Sacco de Milão, afirma que a epidemia na Itália começou do pior modo possível. “O ‘paciente 1’ chegou ao hospital de Codogno sem nunca ter estado na China e, além disso, a pessoa proveniente de Xangai que poderia tê-lo contagiado recebeu um diagnóstico negativo. Não sabemos quem trouxe o coronavírus a Codogno e de fato o primeiro caso clínico de Covid-19 foi tratado sem as devidas precauções porque foi interpretado como sendo uma outra patologia”, explicou Galli.

Para Alessandro Vespignani, físico e especialista em sistemas complexos no Instituto de Ciências da Universidade de Boston, o aumento progressivo dos casos de coronavírus não é um indício de que a epidemia esteja se alastrando na Itália. “Os casos estão sendo descobertos agora, mas já estavam quase todos lá e os números ainda devem aumentar por um período, mas a epidemia não está se expandido”, afirmou.

O casal de turistas chineses proveniente de Wuhan, primeiros casos positivos ao coronavírus na Itália, seguem internados em Roma. Outro italiano, de 29 anos, foi o primeiro, e até o momento único, caso confirmado no país de cura para o Covid-19.

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