Mundo
EUA registram recorde de candidatas negras para eleições de novembro
Além da presença em alta nas listas eleitorais, a estratégia política dessas candidatas vem mudando


Em um ano marcado por protestos antirracismo, os Estados Unidos se preparam para o que pode ser uma revolução silenciosa. Segundo um estudo divulgado pelo Center for American Women and Politics (CAWP, na sigla em inglês), as eleições de novembro serão marcadas por uma alta recorde no número de candidatas negras para os cargos no Congresso.
Desde 2018, durante as eleições legislativas de meio de mandato (as “midterms”), os Estados Unidos vinham assistindo a uma mudança nas listas eleitorais. Naquele ano, o número de mulheres que se candidataram ao Congresso dobrou em relação a 2016.
Agora, a mudança é também étnica e racial. Se nas eleições de 2012 as candidatas afrodescendentes e mestiças eram apenas 48, este ano, 122 mulheres concorrem a uma cadeira na Câmara dos representantes ou no Senado, constata o CAWP, organismo especializado nesse tipo de estatística.
As mulheres negras representam atualmente 8% da população americana. No entanto, elas são apenas 4,3% entre as eleitas no Congresso, seja como senadoras ou representantes (equivalente de deputadas).
Mulheres negras poderosas
“Os eleitores estão se sentindo mais confortáveis em ver diferentes tipos de pessoas no Congresso. Você não sabe como é ter mulheres negras poderosas no Congresso até ver mulheres negras poderosas no Congresso”, disse Pam Keith, veterana e advogada da Marinha, que está concorrendo nas primárias democratas para um assento no congresso na Flórida.
Além da presença em alta nas listas eleitorais, a estratégia política dessas candidatas vem mudando. Historicamente, as mulheres negras concorriam apenas em regiões de maioria negra. Mas este ano, muitas delas tentam se eleger em zonas eleitorais de maioria branca e mista, inclusive em bastiões dos Republicanos.
Se as afro-americanas tentam cada vez mais se eleger nos Estados Unidos, elas também estão entre as mais participativas nos pleitos, como eleitoras. Entre todos os grupos de votantes, elas são as mais ativas, já que 68,1% foram às urnas na corrida presidencial de 2008 e 70,1% cumpriram seu dever cívico em 2012, dois pleitos vencidos pelo democrata Barack Obama. Mas em 2016, quando Donald Trump foi eleito, a participação das mulheres negras registrou um recuo (63,7%).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.