Mundo
Trump inicia campanha de deportação em massa de imigrantes irregulares nos EUA
O governo afirma estar cumprindo promessas feitas durante a campanha eleitoral


Autoridades dos Estados Unidos prenderam 538 “imigrantes ilegais” e deportaram “centenas” em uma grande operação apresentada pela Casa Branca como “a maior” da história, poucos dias após o início do segundo mandato de Donald Trump.
Trump prometeu reprimir a a imigração ilegal durante sua campanha e começou seu segundo mandato com uma série de ações para impedir a entrada nos Estados Unidos.
“O governo Trump prendeu 538 imigrantes ilegais criminosos” e “deportou centenas” deles “em aviões militares”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, na rede social X nesta sexta-feira 24. “A maior operação de deportação em massa da história está em andamento. Promessas feitas. Promessas cumpridas”, complementou.
Trump demonizou os migrantes durante sua campanha, descrevendo-os como “selvagens”, “animais” ou “criminosos”, e prometeu a maior deportação da história em um país onde cerca de 11 milhões de pessoas vivem em situação irregular.
‘Aterroriza ilegalmente a população’
Na quinta-feira, o prefeito de Newark (cidade no estado de Nova Jersey), Ras Baraka, denunciou que agentes do serviço de imigração “invadiram um estabelecimento local (…) detendo moradores e cidadãos sem documentos, sem apresentar uma ordem judicial”.
O prefeito disse que um dos presos é um veterano do Exército americano, uma ação que ele chamou de “ato atroz e uma violação flagrante” da Constituição dos Estados Unidos.
“Newark não ficará parada enquanto sua população é aterrorizada ilegalmente”, acrescentou Baraka.
Trump anunciou na terça-feira que seu governo restabelecerá o programa “Remain in Mexico” (“Fique no México”, em tradução livre) — uma política que ele implementou em seu primeiro mandato (2017-2021) — que envolve requerentes de asilo esperando no lado mexicano da fronteira enquanto sua petição é processada.
O presidente cancelou um programa que seu antecessor Joe Biden havia criado para fornecer vias legais para requerentes de asilo que fugiam da violência e denunciavam perseguição política. Esta medida afeta muitas pessoas de países da América Central e do Sul.
Trump também suspendeu até novo aviso todas as chegadas aos Estados Unidos de refugiados que solicitaram asilo, incluindo aqueles que o obtiveram.
Os decretos de Trump também incluem uma ordem executiva que busca restringir o direito à cidadania por nascimento nos Estados Unidos, consagrado na 14ª Emenda da Constituição, adotada na segunda metade do século XIX.
Um juiz federal em Seattle suspendeu temporariamente a ordem na quinta-feira.
No início desta semana, o Congresso de maioria republicana aprovou uma lei para prorrogar a prisão preventiva de estrangeiros ilegais suspeitos de crimes.
Em sua retórica, Trump frequentemente usa a palavra “invasão” para se referir à entrada de imigrantes sem visto nos Estados Unidos e os acusa de envenenar o “sangue” do país.
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