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EUA defendem suspensão global de patentes de vacinas da Covid-19

Posição difere da anunciada em 2020. No Brasil, projeto para autorizar quebra de patente tramita na Câmara após aprovação no Senado

EUA defendem suspensão global de patentes de vacinas da Covid-19
EUA defendem suspensão global de patentes de vacinas da Covid-19
(Foto: Yasuyoshi CHIBA / AFP)
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O governo do presidente americano Joe Biden anunciou, nesta quarta-feira 5, seu apoio a uma suspensão geral da proteção de patentes para as vacinas contra a Covid-19, a fim de acelerar a produção e a distribuição de imunizantes no mundo.

Embora os direitos de propriedade intelectual sejam importantes, Washington “apoia a isenção destas proteções para as vacinas para a Covid-19”, disse a representante comercial dos Estados Unidos, Katherine Tai, em um comunicado publicado nas redes sociais.

“Trata-se de uma crise sanitária mundial e as circunstâncias extraordinárias da pandemia de covid-19 exigem medidas extraordinárias”, acrescentou.

“Nós vamos participar ativamente nas negociações em texto da Organização Mundial do Comércio necessárias para fazer com que isso aconteça. Essas negociações levarão tempo devido à natureza consensual da instituição e da complexidade dos assuntos envolvidos”, continua a nota.

Em outubro do ano passado, a Índia e a África do Sul levaram à OMC uma proposta de suspensão das patentes de produtos de combate ao coronavírus.

A proposta foi apoiada por mais de 100 países. No entanto, à época, os EUA, Reino Unido, Suíça, Noruega, Japão, além de países da União Europeia, se colocaram contra a medida.

Debate na Câmara

O Brasil não se posicionou a favor da quebra de patentes dos imunizantes na ocasião, mas viu um projeto de lei com a mesma proposta ser aprovado no Senado Federal na última semana. O PL tramita na Câmara dos Deputados.

Na prática, os donos de patentes ficam obrigados a ceder ao poder público, se solicitado, todas as informações necessárias para a produção de vacinas e medicamentos de enfrentamento à Covid-19.

Em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara no fim de abril, o chanceler Carlos França disse não considerar a possibilidade de quebra de patentes de vacinas contra covid-19 como caminho mais eficaz para acelerar a vacinação no Brasil.

Para França, a quebra não traria efeitos de curto prazo, devido à limitação de acesso aos insumos para a produção de imunizantes e limitações na capacidade de produção.

“Não nos parece que esse [a quebra de patentes] seja o caminho mais eficaz. Os motivos são muitos, e começam com a constatação de que a moratória advogada não se limitaria a patentes farmacêuticas. A rigor, não se limitaria sequer a patentes em geral. Abrangeria a globalidade dos direitos de propriedade intelectual relacionados à resposta à pandemia por tempo indeterminado”, afirmou o ministro.

*Com informações da Agência Brasil e AFP

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