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EUA cooperam com informações sobre crimes da ditadura brasileira

Governo americano já entregou documentos que vão ajudar no trabalho da Comissão da Verdade. Em visita ao Brasil, vice Joe Biden comentou as denúncias de espionagem pela NSA e a situação no Iraque

A presidenta Dilma Rousseff recebe o vice-presidente dos EUA Joe Biden, nesta terça-feira 17
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Os Estados Unidos iniciaram o processo de abertura de documentos secretos que podem ajudar a Comissão Nacional da Verdade a esclarecer crimes cometidos durante a ditadura no Brasil. O anúncio foi feito pelo vice-presidente norte-americano, Joe Biden, durante passagem por Brasília, nesta terça-feira 17.

Biden foi à capital para um encontro com a presidente Dilma Rousseff, na expectativa de retomar as relações com o Brasil, estremecidas após as denúncias de espionagem que afloraram no ano passado. Indagado sobre se achava que as relações poderiam ser restabelecidas, ele foi direto: “Estou confiante que sim”. Sobre a chefe de Estado brasileira, disse, ao chegar ao Palácio do Planalto: “Eu gosto muito dela.”

Como o encontro foi fechado à imprensa, Biden recebeu a mídia na embaixada americana. Depois de quase duas horas de espera, a imprensa ouviu uma declaração oficial do vice-presidente, mas não pôde fazer perguntas. Ele comentou a situação do Iraque e disse que os EUA vêm “trabalhando para apoiar o país contra essa ameaça que é o terrorismo” e que atualmente é necessário “assistência urgente”.

Espionagem
Segundo Biden, a “longa conversa privada” com Dilma foi “franca”, reafirmou o esforço dos dois países de “proteger a internet” e lembrou as iniciativas do presidente Barack Obama de revisar as condutas da Agência de Segurança Nacional (NSA).

“Sabemos que a questão importa para as pessoas aqui”, disse Biden, ao reconhecer o papel de liderança que o Brasil vem desempenhando a respeito do tema. “O presidente Obama pediu uma imediata revisão [dos procedimentos da NSA], fizemos mudanças reais no processo e estamos adotando uma nova abordagem nessas questões.”

As relações com os Estados Unidos se deterioraram após a divulgação de denúncias de espionagem por parte do ex-colaborador da NSA Edward Snowden, no ano passado. Dilma cancelou a visita de Estado que faria e, até o momento, não há nova data. Várias reuniões entre chanceleres e vice-presidentes vêm ocorrendo desde então, com o intuito de retomar a relação amistosa entre os dois países.

Em maio, os Estados Unidos chegaram a anunciar mudanças nos procedimentos da NSA. Em janeiro Barack Obama também anunciara outras mudanças, prometendo proteção à privacidade de cidadãos e nações amigas.

Biden também manteve reunião com o vice-presidente brasileiro, Michel Temer, sem a presença da imprensa. Entre os temas tratados pelos representantes do Brasil e dos EUA estiveram, ainda, a situação na Venezuela e novas estratégias para fazer avançar cooperação comercial, atualmente na casa dos 100 bilhões de dólares.

Agenda regional
Joe Biden está no país desde o início da semana e acompanhou a vitória da seleção dos EUA sobre Gana, em Natal. Animado com a seleção americana, disse que trouxe a neta e o sobrinho para acompanharem os jogos no Brasil. “Isso me faz o melhor avô da família”, brincou.

Depois das reuniões em Brasília, a comitiva norte-americana segue para Colômbia, onde se encontrará com o presidente Juan Manuel Santos.

Em seguida, Biden viaja para a República Dominicana, onde será recebido pelo presidente Danilo Medina. A última estação do giro do vice-presidente será a Guatemala: de sua agenda constam cooperação regional, segurança e negociações bilaterais.

  • Autoria Ericka de Sá, de Brasília
  • Edição Augusto Valente

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