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EUA: Autoridades assumem controle do First Republic; caso é segunda maior falência bancária do país

A questão agora é se a falência do First Republic levará a outras em um setor abalado pelo aumento dos juros

Foto: Patrick T. Fallon/AFP
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As autoridades dos Estados Unidos assumiram, nesta segunda-feira (1°), o controle do banco regional First Republic. A maior parte da instituição foi adquirida pelo JPMorgan Chase, com o objetivo de encerrar o episódio de crise bancária que surgiu em março.

O First Republic Bank estava sob forte pressão desde as falências, no mês passado, de dois estabelecimentos com perfil semelhante, o Silicon Valley Bank e o Signature. Mas o banco não conseguiu apresentar um plano de resgate satisfatório e, quando confirmou, na segunda-feira passada (24), que dezenas de clientes retiraram depósitos durante o primeiro trimestre, mais de US$ 100 bilhões no total, suas ações já estavam em péssimo estado.

As autoridades norte-americanas, que pareciam relutantes em resgatar um terceiro banco em tão pouco tempo, finalmente tomaram a decisão, solicitando ofertas de instituições financeiras antes de assumir oficialmente o First Republic.

Esta é a segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos (excluindo bancos de investimento como o Lehman Brothers) após a do Washington Mutual, em setembro de 2008. Os ativos deste último também foram adquiridos em grande parte pelo JPMorgan, que, sob a liderança de Jamie Dimon, já socorreu instituições em dificuldade por diversas vezes.

O acordo prevê que o maior banco do país vai recuperar todos os depósitos do First Republic e quase todos os seus ativos, enquanto suas agências poderão reabrir normalmente nesta terça-feira (2).

“Nosso governo pediu que nós e outros intervíssemos, e nós o fizemos”, declarou Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, em comunicado.

“Nossa solidez financeira, capacidades e modelo de negócios nos permitiram entregar uma oferta que possibilitava que a transação fosse executada de forma a minimizar os custos para o fundo de seguro de depósito”, continua o texto.

A operação exige que os empréstimos do First Republic devem ser reavaliados em baixa, e a FDIC, a agência federal americana de garantia de depósitos bancários, aceitou assumir parte dessas perdas: a agência estima que a operação lhe custará cerca de US$ 13 bilhões. O dinheiro virá de contribuições pagas pelos bancos.

Risco de contágio?

As autoridades e outros grandes bancos interviram em março para evitar que o First Republic tivesse o mesmo destino do Silicon Valley Bank e do Signature, com 11 instituições financeiras concordando em depositar um total de US$ 30 bilhões. Mas isso não foi suficiente para tranquilizar os investidores.

O First Republic, fundado em 1985 e com sede em São Francisco, valia apenas US$ 654 milhões na bolsa na sexta-feira (28), contra mais de US$ 20 bilhões no início do ano. O FDIC e o Departamento de Economia abordaram diversos bancos no meio da semana passada para avaliar interesse e, ainda na sexta-feira, permitiram que alguns deles tivessem mais informações financeiras sobre o First Republic. O processo de licitação foi “altamente competitivo” e resultou em uma transação “que atendeu aos requisitos de custo mais baixo”, informou a agência.

O First Republic era atraente: conhecido por ter uma clientela rica, que depositava grandes somas em contas, e pagava bem os empréstimos. Mas muitos de seus clientes se assustaram com as falências da SVB e do Signature. E a maioria dos empréstimos concedidos foram hipotecas de taxa fixa, que perderam valor mecanicamente com o recente aumento das taxas de juros.

A questão agora é se a falência do First Republic levará a outras em um setor abalado pelo aumento dos juros. Os observadores estavam preocupados com o risco de contágio após as quebras de março, que também criaram turbulência em todo o Atlântico e aceleraram a queda do Credit Suisse, mas esses temores diminuíram após a publicação, nas últimas duas semanas, por diversos bancos pequenos e médios de demonstrações financeiras sólidas.

“O First Republic foi identificado como um banco problemático em meados de março, e o anúncio de seu fechamento não é um novo motivo para preocupação”, disse Nicolas Veron, economista dos think tanks Peterson Institute for International Economics e Bruegel, antes da formalização do acordo. “Se outro banco se mostrasse fraco, isso seria outro problema”, ele acrescentou.

(Com informações da AFP)

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