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EUA afirmam que bin Salman tem imunidade em processo relacionado a execução de jornalista

A manifestação do governo de Joe ­Biden ocorreu no âmbito de uma ação movida pela viúva de Jamal Khashoggi em Washington

Quem tem petróleo tem amigos. Biden evitou o quanto pôde o contato com Bin Salman, mas a invasão da Ucrânia mudou o cenário - Imagem: Bandar Al-Jaloud/Saudi Royal Palace/AFP
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O Departamento de Estado norte-americano afirmou que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, não poderá ser julgado em tribunais dos Estados Unidos sobre a acusação de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.

A manifestação do governo de Joe ­Biden ocorreu no âmbito de um processo movido pela viúva do jornalista, Hatice Cengiz, em uma Corte de Washington.

“O governo dos EUA expressou suas graves preocupações sobre o assassinato horrível de Jamal Khashoggi e levantou essas questões publicamente e junto aos níveis mais elevados do governo saudita”, diz uma manifestação do governo enviada ao tribunal.

Segundo o texto, no entanto, “a doutrina da imunidade do chefe de Estado está bem estabelecida no direito internacional e tem sido consistentemente reconhecida na prática de longa data do Poder Executivo”.

Isso aconteceria porque bin Salman foi “promovido” a primeiro-ministro saudita em setembro, o que foi visto por especialistas como uma forma de blindá-lo em processos sobre o assassinato.

Jamal Khashoggi, colunista do Washington Post crítico do regime saudita, foi executado e esquartejado em 2 de outubro de 2018, no consulado saudita em Istambul, na Turquia, quando compareceu ao local para recolher os documentos necessários para se casar com sua noiva, turca.

Em julho deste ano, apesar de uma cuidadosa coreo­grafia da turnê de Biden pelo Oriente Médio, a Casa Branca cometeu um erro de cálculo quando o presidente dos Estados Unidos, finalmente, ficou pela primeira vez cara a cara com bin Salman.

Antes de o Air Force One deixar ­Washington, o governo disse que Biden evitaria o contato físico e não apertaria as mãos devido ao aumento dos casos de Covid. No entanto, a imagem dos dois líderes a se inclinarem um para o outro, com sorrisos nos rostos enquanto tocavam os punhos fechados, pareceu mais descontraí­da do que o presidente norte-americano provavelmente pretendia.

À época, a viúva de Khashoggi afirmou que Biden tem as mãos manchadas com “o sangue” da próxima vítima do príncipe herdeiro.

Imaginando o que o jornalista teria tuitado se estivesse vivo, Hatice Cengiz escreveu a Biden: “É esta a forma de prestar contas que você prometeu pelo meu assassinato? Você carrega em suas mãos o sangue da próxima vítima de MBS” – esta é a sigla a identificar Mohammed bin Salman.

Joe Biden e Mohammed bin Salman. Foto: AFP PHOTO / MEDIA OFFICE OF MOHAMMED BIN SALMAN/BANDAR ALGALOUD

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