Mundo
EUA: regime sírio usa armas químicas contra rebeldes
Conselheiro americano alertou para possível ação militar. Segundo jornal, militares propuseram implementar zona de exclusão aérea na Síria


Os Estados Unidos acusaram, pela primeira vez, o regime sírio de recorrer a armas químicas contra os rebeldes, a quem prometeram ajuda militar. Na acusação de quinta-feira 13, os EUA afirmaram ter provas de que o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, usou armas químicas contra as forças opositoras.
O governo de Assad negou as acusações e as classificou de “mentiras de Washington”. Segundo o regime, as informações estão “baseadas em informações fabricadas” para tentar “fazer o governo sírio assumir a responsabilidade pelo uso” de armas químicas.
A Rússia, aliada do regime de Assad, também considerou as acusações americanas pouco convincentes e disse que a decisão de aumentar a ajuda aos insurgentes é uma atitude pouco favorável à paz.
O regime sírio já havia acusado em março os rebeldes de recorrerem a armas químicas na região de Aleppo, norte do país, e rejeitou uma investigação da ONU sobre armas químicas no conjunto do território sírio.
Na quinta-feira 13, Ben Rhodes, conselheiro-adjunto de segurança nacional do governo de Barack Obama, afirmou que os serviços de inteligência americanos chegaram à conclusão de que o regime de Assad “utilizou armas químicas, entre elas gás sarin, em pequena escala, contra a oposição em múltiplas ocasiões durante o ano”. Em comunicado, Rhodes disse também que entre 100 e 150 pessoas morreram em ataques com armas químicas, segundo estimativas do governo americano.
“O presidente disse claramente que o uso de armas químicas, ou a transferência de armas químicas a grupos terroristas, é uma linha vermelha para os Estados Unidos”, explicou o Rhodes sobre o que seria o estopim para uma possível ação militar dos EUA.
Zona de exclusão aérea
Rhodes acrescentou que a Casa Branca não tomou uma decisão sobre a imposição eventual de uma zona de exclusão aérea, exigida pela oposição para enfrentar a força aérea síria.
Mas, segundo The Wall Street Journal, militares americanos propuseram implementar uma pequena zona de exclusão aérea, que cobriria os campos de treinamento dos insurgentes. A zona avançaria 40 km em direção ao interior da Síria e seria, de fato, vigiada por aviões artilhados com mísseis terra-ar.
Especialistas militares advertem há tempos que uma zona de exclusão aérea poderia requerer a destruição de boa parte das defesas da Síria por parte de aviões ocidentais. Mas, de acordo com o jornal americano, os autores do plano creem que a zona de exclusão pode vir a ser imposta no prazo de um mês sem ter de destruir as baterias antiaéreas sírias. A decisão poderia, inclusive, ser tomada sem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, uma vez que os aviões americanos não entrariam regularmente no espaço aéreo sírio e os militares americanos “não interfeririam” no território do país.
Investigação
O secretário-geral da Organização do Tratado do Altântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, pediu às autoridades sírias permitirem que a ONU investigue as acusações de uso de armas químicas.
A União Europeia afirmou que as novas acusações “tornam mais necessária a mobilização de uma missão de verificação das Nações Unidas na Síria”, disse Catherine Ashton, a chefe da diplomacia europeia.
O conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, considerou as acusações dos Estados Unidos de “não convincentes”. “O que os americanos apresentaram não nos parece convincente”, afirmou. Segundo ele, a decisão americana de aumentar a ajuda aos rebeldes complicará os esforços de paz, referindo-se à conferência internacional sobre a Síria que Moscou e Washington tentam organizar há várias semanas.
Desde o início do conflito sírio, em março de 2011, mais de 93 mil pessoas perderam a vida, de acordo com o último balanço da ONU, similar ao do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Entre os falecidos, há ao menos 6,5 mil crianças.
*Com informações da AFP
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