Mundo

Estudo aponta que nuvens de Vênus contêm gás presente na Terra

Cientistas dizem que detecção não é prova robusta de vida, mas sim uma química anormal e inexplicada

Superfície de Venus em projeção 3D (Foto: NASA/JPL)
Apoie Siga-nos no

Pesquisadores estabeleceram a “presença aparente” de fosfina, um gás existente na Terra, nas camadas de nuvens de Vênus, e se perguntam sobre sua origem, de um processo ainda desconhecido, ou de uma forma de vida – aponta um estudo publicado nesta segunda-feira 14 na revista Nature Astronomy.

Esta é a primeira vez que este composto é descoberto em um dos quatro planetas telúricos do nosso sistema solar, “a Terra à parte”, disse à AFP Jane S. Greaves, professora de astronomia da Universidade de Cardiff, que liderou o estudo.

A fosfina foi detectada pela observação da atmosfera venusiana, usando dois radiotelescópios.

“Pode vir de processos desconhecidos de fotoquímica, ou geoquímica, ou, por analogia com a produção biológica de fosfina na Terra, graças à presença de vida”, explica o estudo.

Este composto é encontrado nos planetas gigantes gasosos do sistema solar, mas, neste caso, não tem origem biológica.

A presença de fosfina, um composto altamente tóxico, não é incompatível com a atmosfera do segundo planeta mais próximo do Sol. Sua atmosfera de gás carbônico, a 97%, tem uma temperatura de superfície em torno de 470°C, com uma pressão mais de 90 vezes maior que a nossa.

Mas é na espessa camada de nuvens hiperácidas, que cobre o planeta até cerca de 60 km de altitude, que a equipe da professora Greaves supõe que as moléculas de fosfina possam ser encontradas.

“Lá as nuvens são ‘temperadas’ em torno de 30°C”, segundo o estudo, que não exclui que o gás se forme em uma altitude menor e mais quente antes de subir.

Mas de onde vem? A professora Greaves “espera ter levado em consideração todos os processos que possam explicar sua presença na atmosfera de Vênus”. A menos que se identifique um novo, permanece a hipótese de uma forma de vida.

Nesta hipótese, “pensamos que deveria ser pequena, para flutuar livremente”, explica a cientista, cujo estudo “insiste em que a detecção da fosfina não é uma prova robusta de vida, apenas de uma química anormal e inexplicada”.

Este estudo observa que “a fotoquímica das gotículas nas nuvens venusianas (de ácido sulfúrico) é completamente desconhecida”.

É por isso que Greaves e seus colegas defendem uma observação mais aprofundada do fenômeno, primeiro para confirmá-lo, livrando-se, idealmente, do “filtro” da atmosfera terrestre, graças a um telescópio espacial. E, por que não, com uma nova visita, por sonda, a Vênus, ou a sua atmosfera.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo