Mundo
Estados Unidos tentam isolar Putin de aliados na América Latina, informa NYT
Funcionários do governo dos EUA chegaram à Venezuela para reuniões com representantes do governo de Nicolás Maduro
Altos funcionários do governo dos Estados Unidos chegaram no sábado 5 à Venezuela para reuniões com representantes do governo de Nicolás Maduro, que apoia a Rússia no conflito ucraniano. A viagem, revelada pelo The New York Times neste domingo 6, visa, segundo o jornal, isolar a Rússia de seus aliados latino-americanos devido à guerra na Ucrânia.
“A invasão russa da Ucrânia levou os Estados Unidos a prestar mais atenção aos aliados do presidente Vladimir Putin na América Latina. Washington acredita que eles podem se tornar uma ameaça à segurança se o confronto com a Rússia se aprofundar”, afirmou o jornal, citando fontes não identificadas.
Os governos americano e venezuelano não comentaram oficialmente a informação até o momento.
Estados Unidos e Venezuela romperam as relações diplomáticas em 2019, depois de Nicolás Maduro ter sido eleito para um segundo mandato em eleições contestadas. Washington reconheceu o opositor Juan Guaidó, líder do Legislativo venezuelano na época, como presidente interino, e impôs várias sanções a Caracas para tentar forçar a saída de Maduro.
Embargo do petróleo venezuelano
As medidas incluem um embargo, em vigor desde abril de 2019, que impede a Venezuela de negociar seu petróleo no mercado americano. O produto representa 96% da receita do país. Desde então, o presidente venezuelano recebeu um forte apoio da Rússia para seguir exportando petróleo, apesar das sanções dos Estados Unidos.
De acordo com o NYT, a visita a Caracas de altos funcionários do Departamento de Estado e da Casa Branca visaria substituir parte do petróleo que os Estados Unidos compram atualmente da Rússia com o produto que deixou de adquirir da Venezuela.
Em consequência da invasão da Ucrânia, a Casa Branca afirmou na sexta-feira 4 que estuda um plano para reduzir as importações de petróleo da Rússia, sem prejudicar os consumidores americanos. O projeto americano busca também manter o abastecimento global.
O petróleo venezuelano entraria nesse plano. O governo de Joe Biden Unidos indicou no mês passado que estaria disposto a revisar a política de sanções contra a Venezuela em caso de avanço do diálogo entre o governo de Maduro e a oposição, iniciado em agosto no México, mas suspenso desde outubro.
EUA e UE estudam proibir importações de petróleo russo
Os Estados Unidos estão “discutindo ativamente” com a Europa a possibilidade de proibir as importações russas de petróleo, disse o chefe da diplomacia americana, Anthony Blinken. A Casa Branca é pressionada pelos congressistas americanos a adotar a medida como retaliação à invasão russa da Ucrânia.
“Estamos conversando com nossos parceiros e aliados europeus para que considerem, de forma coordenada, a ideia de proibir a importação de petróleo russo e, ao mesmo tempo, garantir que tenhamos oferta suficiente de petróleo nos mercados mundiais”, disse Blinken durante uma entrevista ao canal CNN durante uma viagem à Europa.
Os senadores americanos, tanto republicanos como democratas, apresentaram um projeto de lei que proíbe as importações do produto. O presidente Joe Biden afirmou que “não descarta” essa possibilidade.
Ao ser questionada sobre o tema neste domingo pela CNN, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi mais cautelosa. Em referência ao objetivo de “tornar impossível para (Vladimir) Putin financiar suas guerras”, ela considerou que a União Europeia deve “se livrar da dependência dos combustíveis fósseis russos”.
A questão é mais complexa na Europa, onde a Rússia fornece 40% do gás consumido no continente. Já nos Estados Unidos, o país é responsável por 8% do total das importações de derivados de petróleo, bruto ou refinado, segundo o especialista Andy Lipow, que utiliza os dados da Agência Internacional de Energia em 2021.
(Com informações da AFP)
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.