Autoridades norte-americanas têm se manifestado nas últimas horas anunciando que o país não pretende retirar da Venezuela – em um intervalo de 72 horas – a sua representação diplomática, conforme determinou na tarde da última quarta-feira 23 o presidente Nicolás Maduro.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que os Estados Unidos não mais reconhecem Maduro como chefe do Executivo venezuelano, o que tornaria a ordem de retirada dos diplomatas inócua. De fato, o presidente Donald Trump já afirmou publicamente que reconhece como chefe máximo da Venezuela o líder oposicionista Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente venezuelano na tarde da última quarta-feira, em meio a grandes protestos contra Nicolás Maduro que tomaram as ruas de Caracas e outras cidades do país.
Quem também se manifestou a respeito do assunto foi o senador republicano pela Flórida Marco Rubio, que perdeu as primárias republicanas para Trump, há dois anos. Em sua conta o Twitter, ele disse que Maduro não tem autoridade legal para ordenar tal ação e disse que é Juan Guaidó quem deve cuidar desses assuntos, e este teria pedido que os diplomatas norte-americanos fiquem no país.
Maduro has no legal authority to end relations with the U.S. or expel our diplomats. Legal authority rests with President @jguaido who has asked the U.S. & other nations to stay in #Venezuela. The U.S. should not comply with this illegitimate demand. https://t.co/FGuameaeVS
— Marco Rubio (@marcorubio) January 23, 2019
França por Guaidó, Rússia por Maduro
O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou nesta quinta-feira 24 a “coragem” de centenas de milhares de venezuelanos que manifestaram pela liberdade diante da “eleição ilegítima” de Nicolás Maduro. O chefe de Estado francês afirmou que a Europa apoia a “restauração da democracia” no país.
Em um tuíte publicado hoje, em francês e espanhol, Macron diz que “a Europa apoia a restauração da democracia. Parabenizo a coragem de centenas de milhares de venezuelanos que caminham em direção à liberdade”, escreveu. Em uma resposta à questão se a França apoiaria Juan Guaidó, o presidente da Assembleia Nacional que se autoproclamou presidente interino, o palácio do Eliseu “respondeu que vai encorajar o processo democrático no país e reconheceria a pessoa eleita.”
Para o chanceler espanhol Josep Borrell, as eleições são a única solução possível para resolver a crise na Venezuela. “Devemos evitar que as coisas piorem e isso exige um processo de intervenção para garantir as eleições”.
O governo russo também reagiu à situação da Venezuela e voltou a afirmar seu apoio a Nicolás Maduro, um aliado de Vladimir Putin. O porta-voz da diplomacia russa criticou a posição dos ocidentais contra Maduro, apontando desrespeito ao direito internacional, à soberania e ao princípio de não ingerência em assuntos internos da Venezuela.
Em um comunicado, o ministério russo das relações Exteriores afirma que essa ingerência externa é “destrutiva e inaceitável”, particularmente em um momento de grande tensão, abrindo caminho para a arbitrariedade e um banho de sangue. Nesta quarta-feira (24), União Europeia já havia feito um apelo por eleições “livres e com credibilidade”, em conformidade com a ordem constitucional.
Venezuelanos têm direito de se manifestar pacificamente, diz UE
A chefe da diplomacia do bloco europeu, Federica Mogherini, em nome dos 28 países da União Europeia, afirmou que o povo venezuelano tem o direito de manifestar pacificamente, de escolher livremente seus dirigentes e decidir pelo seu futuro. Ela também pede que os “direitos civis, a liberdade e segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo de seu presidente Juan Guaidó sejam “totalmente preservados e respeitados.”
Já o presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald Tusk, disse esperar que a Europa esteja unida em apoio às forças democráticas da Venezuela, acrescentando que a assembleia parlamentar, incluindo Guaidó, tem um mandato democrático. Em Davos, onde participa do Forum Econômico Mundial, o secretário-geral da ONU, António Guterres fez novo apelo por um diálogo, para segundo ele, “impedir uma escalada que leve a um conflito, o que seria um desastre para a população do país e para a região”.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login