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Espanha suspende venda de armas e munições a Israel
A lei também veta o uso de portos e do espaço aéreo espanhol para o transporte de combustível que possa ser usado em Israel para fins militares


O Parlamento espanhol aprovou nesta quarta-feira 8 uma lei que impõe um embargo sobre o comércio de armas para Israel, medida proposta pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez contra o que ele chamou de ” genocídio” na Faixa de Gaza.
O texto, aprovado por 178 votos a 169, proíbe todas as exportações e importações de equipamentos, produtos ou tecnologia de defesa de e para Israel.
O governo, no entanto, pode abrir exceções para equipamentos de defesa de duplo uso “se a aplicação da proibição prejudicar os interesses nacionais gerais”.
A lei também veta o uso de portos e do espaço aéreo espanhol para o transporte de combustível que possa ser usado em Israel para fins militares, e proíbe a publicidade de produtos “provenientes de colônias ilegais em Gaza e na Cisjordânia”.
O embargo já havia sido anunciado em setembro por Sánchez, um dos líderes europeus mais críticos à ofensiva israelense contra o grupo islamista Hamas em Gaza, como parte de uma série de medidas contra a ofensiva israelense.
O governo afirma que já havia proibido a compra ou venda de armas a Israel desde o início da guerra, desencadeada pelo terrorista do Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023.
“A resposta de Israel aos terríveis atentados cometidos pelo grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023 acabou se tornando um ataque indiscriminado contra a população palestina, que a maioria dos especialistas chamou de genocídio”, diz o preâmbulo da lei.
Israel critica embargo
Na segunda-feira, antes da aprovação do decreto, a embaixada de Israel na Espanha já havia criticado a proposta, chamando-a de “uma decisão cínica e repreensível”.
As relações entre os dois países têm deteriorado desde que a Espanha reconheceu o Estado palestino, em maio de 2024. À época, Tel Aviv reagiu retirando seu embaixador de Madri.
Apoio dos partidos de esquerda
A votação, que estava inicialmente marcada para esta terça-feira, foi realizada um dia depois para evitar coincidir com o aniversário de dois anos do ataque do Hamas a Israel. O grupo palestino é considerado uma organização terrorista pela União Europeia (UE), Estados Unidos, Alemanha e vários outros países.
A medida foi apoiada pela coalizão governista de esquerda, formada pelo Partido Socialista Espanhol (PSOE) e outros parceiros, como o Podemos e legendas nacionalistas, com a oposição do conservador Partido Popular (PP) e do partido de extrema direita Vox.
O ataque terrorista perpetrado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 matou cerca de 1,2 mil pessoas. Outras 251 foram sequestradas pelo grupo palestino; destas, 48 seguem em Gaza.
A reação israelense aos ataques deixou mais de 66 mil palestinos mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
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