Mundo
Espanha anuncia retirada da embaixadora da Argentina após ofensas de Milei
Presidente argentino chamou esposa de Pedro Sánchez de corrupta e abriu grave crise diplomática entre os dois países; ultradireitista se nega a pedir desculpas


O governo da Espanha anunciou que retirou a sua embaixadora da Argentina. A decisão acontece após o presidente do país sul-americano, Javier Milei, abrir uma crise diplomática com os espanhóis ao atacar pessoalmente a esposa do primeiro-ministro Pedro Sánchez, Begoña Gómez.
O anúncio foi feito nesta terça-feira 21 pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares.
María Jesús Alonso Jiménez, embaixadora que foi chamada no último domingo 19 para consultas, deverá permanecer “definitivamente em Madri”, segundo o ministro. “A Argentina continuará sem um embaixador”, concluiu.
Logo após o anúncio, o presidente argentino se pronunciou sobre ocaso. Em entrevista ao canal argentino LN+, o presidente considerou a decisão um “disparate típico de um socialista arrogante”. Ele negou que pretenda retirar o embaixador argentino da Espanha.
Milei estava na Espanha desde o último final de semana. Ao participar de um encontro de lideranças da extrema-direita – incluindo membros do partido Vox e políticos como Viktor Orbán (Hungria) e Giorgia Meloni (Itália) -, Milei chamou Begoña Gómez de “corrupta”.
Em seguida, Madri convocou o embaixador argentino na capital europeia, Roberto S. Bosch, para exigir um pedido de desculpas.
O tensionamento se elevou a ponto de Milei se recusar a pedir desculpas, usando as redes sociais para ironizar a situação. Antes de voltar a Buenos Aires, o próprio Milei anunciou a sua volta dizendo que estaria voltando “o leão, surfando em uma onda de lágrimas socialistas”.
Sem apresentar provas, Milei disse à imprensa argentina que a “situação é promovida pelo kirchnerismo, está coordenada com o kirchnerismo”, em alusão ao movimento peronista que tem como líder a ex-presidente Cristina Kirchner. Sem provas, Milei ainda disse que o ex-presidente Alberto Fernández, seu antecessor na Casa Rosada, seria assessor do primeiro-ministro espanhol.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.