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Erro de pesquisas, dados de Buenos Aires e peso da Igreja e do agro: o que chama a atenção no triunfo de Milei

‘A província de Buenos Aires não define a eleição nacional como fez em outros casos’, diz Mercedes Koch, mestre em Estudos Internacionais pela Universidade Torcuato di Tella

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei. Foto: Emiliano Lasalvia/AFP
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A vitória do ultradireitista Javier Milei sobre Sergio Massa por uma larga margem, neste domingo 19, no segundo turno da eleição presidencial na Argentina, ressalta um grave erro das pesquisas de intenção de voto, mostra que a província de Buenos Aires não decidiu a disputa e surpreende devido à adesão de setores institucionalizados do país à campanha do peronista.

A avaliação é de Mercedes Koch, mestre em Estudos Internacionais pela Universidade Torcuato di Tella, de Buenos Aires.

Com 99% das urnas apuradas, Milei tem 56%, contra 44% de Massa. Na província de Buenos Aires, a concentrar cerca de 37% dos eleitores argentinos, o ministro da Economia superou o “ultralibertário”, mas o resultado não teve impacto no cenário geral, ao contrário do que ocorreu em outras eleições.

“As principais pesquisas falharam novamente, pela terceira vez. Haviam falhado nas primárias, falharam no primeiro turno e falharam agora no segundo. Esperava-se que a diferença entre os candidatos fosse de no máximo três pontos”, disse Koch a CartaCapital na noite deste domingo.

De fato, uma pesquisa Atlas Intel divulgada em 10 de novembro apontava Milei com 48,6% das intenções de voto, contra 44,6% de Massa.

A especialista afirma que já se projetava uma eleição ruim para Massa em províncias-chave como Córdoba (74% a 26% a favor de Milei) e Mendoza (71% a 29%). Uma das únicas notícias positivas para o ministro-candidato é o fato de ele conservar pontos importantes para o peronismo na província de Buenos aires.

“Mas uma das coisas mais importantes que esta eleição nos deixa em termos territoriais é que a província de Buenos Aires não define a eleição nacional como fez em outros casos”, acrescentou. Na província, Massa aparece com 50,7%, ante 49,3% de Milei.

Por outro lado, diz Mercedes Koch, chama a atenção o fato de Milei ter uma grande vantagem sobre Massa mesmo após o governista construir um amplo leque de alianças diretas ou indiretas com setores institucionalizados da Argentina.

“Do sindicalismo já se esperava, mas se somaram a Igreja Católica e, indiretamente, a Sociedade Rural Argentina, uma associação patronal do campo que reúne os grandes proprietários de terra, com um claro apoio a Massa”, prosseguiu. Ela mencionou também manifestações dos principais clubes de futebol argentino contra declarações de Milei.

Outro ponto de destaque, de acordo com a especialista, é o fato de Massa ter viajado por todo o país, enquanto Milei optou por uma agenda muito menos intensa.

Javier Milei assumirá a Presidência da Argentina em 10 de dezembro, em substituição ao peronista Alberto Fernández.

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