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Entidades financeiras da França são denunciadas por apoiar desmatamento no Brasil

Entre 2013 e 2021, quatro grupos fizeram investimentos de cerca de 70 milhões de dólares na JBS e na Marfrig, empresas com antecedentes provados de desmatamento ilegal, apropriação de terras de povos indígenas e trabalho forçado

Parte da floresta amazônica desmatada. Foto: Carlos Fabal/AFP
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A associação Sherpa apresentou uma denúncia, nesta quarta-feira (8), contra as entidades financeiras francesas BNP Paribas, Credit Agricole, BPCE e Axa por “lavagem de dinheiro e receptação”, acusando-as de apoiar empresas responsáveis por “desmatamento ilegal no Brasil”, confirmou à AFP o Ministério Público Nacional Financeiro (PNF).

Entre 2013 e 2021, estes quatro grupos fizeram investimentos de cerca de 70 milhões de dólares (aproximadamente R$ 390 milhões) na JBS e na Marfrig, empresas “com antecedentes provados de desmatamento ilegal, apropriação de terras de povos indígenas e trabalho forçado em suas cadeias de abastecimento de carne bovina”, explicou a associação em um comunicado.

A organização Sherpa assegura contar com o apoio da Harvest, do Center for Climate Crime Analysis, da Repórter Brasil e da Transparência Internacional.

Segundo a análise da associação, o fato de estas empresas poderem ter recebido lucro com dinheiro procedente de atividade ilegal e poderem ter colaborado no investimento destes recursos constitui um descumprimento de sua obrigação na luta contra a lavagem de dinheiro.

A Axa afirmou à AFP que o grupo “tem uma das políticas mais estritas” nos temas ambiental e de direitos humanos “e respeita as leis e normas internacionais vigentes”.

Segundo a Sherpa, embora esta denúncia seja uma “novidade” para os bancos, chega em um momento de aumento do número de litígios relacionados com a preservação do planeta.

No começo do ano, a BNP Paribas foi alvo de uma denúncia sobre o mesmo tema no tribunal judicial de Paris, mas com base no fundamento do dever de vigilância.

A lei obriga as multinacionais sediadas na França a elaborar um plano que “inclua medidas de devida diligência razoáveis para identificar riscos e prevenir graves danos contra os direitos humanos e as liberdades fundamentais, a saúde e a segurança das pessoas e do meio ambiente, derivados das atividades da empresa e das empresas que controla” na França e no exterior.

Esta lei de 2017 ainda não levou a nenhuma condenação e, segundo alguns, tem lacunas que comprometem sua verdadeira eficácia.

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