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Endividada, gigante chinesa Evergrande volta a suspender operações da Bolsa

Em outubro passado, já havia suspendido suas operações no mercado de ações

Parte da fachada de um empreendimento da Evergrande em Hong Kong. Foto: Peter PARKS / AFP
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A gigante imobiliária chinesa Evergrande anunciou, nesta segunda-feira (3), a suspensão de suas operações na Bolsa, sem informar o motivo.

Afogada em dívidas de US$ 300 bilhões, a empresa agora luta para pagar seus detentores de títulos e investidores, após ser enquadrada por medidas impostas pelo governo chinês para conter seu setor imobiliário.

“O comércio de ações do Grupo China Evergrande será suspenso às 9h (23h, horário de Brasília) de hoje (segunda-feira)”, disse o grupo em um breve comunicado na Bolsa de Valores de Hong Kong.

Em dezembro, a incorporadora passou a ser categorizada como “em default” (“inadimplente”) pelas agências de classificação de risco, após deixarem de pagar suas obrigações em dia.

Tentativas anteriores de pagar fornecedores e empreiteiros, devido à crise de seu endividamento, geraram protestos de compradores e de investidores na sede do grupo em Shenzhen, em setembro.

Na semana passada, a Evergrande alegrou, momentaneamente, os investidores, ao anunciar que poderia entregar dezenas de milhares de unidades residenciais neste mês e saldar algumas de suas dívidas. No final da semana, porém, suas ações caíram, após informes de que não havia quitado outros dois títulos offshore.

Nos últimos meses, a empresa insistiu em que completaria seus projetos inacabados e iria entregá-los aos compradores. Trata-se de uma tentativa desesperada de quitar suas dívidas, embora não tenha feito um pagamento anterior de mais de US$ 1,2 bilhão.

A empresa tentou vender ativos e ações de outras empresas, e seu presidente, Hui Ka Yan (ou Xu Jiayin, em mandarim), usou parte de sua fortuna pessoal para pagar um montante da dívida.

O governo da província de Cantão, onde fica a sede da empresa, está monitorando o processo de reestruturação da dívida de Evergrande.

Locomotiva do crescimento mundial, a China enfrenta problemas há vários meses, o que levou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) a reduzir, no início de dezembro, as previsões de crescimento para o país em 2021 e em 2022, a 8,1% e 5,1% respectivamente. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia feito este movimento em outubro.

Além das dificuldades do setor imobiliário, que representa 25% de seu Produto Interno Bruto (PIB), a China enfrenta o impacto da pandemia da covid-19 e as atuais dificuldades de abastecimento da cadeia de produção mundial.

No setor de construção, “os acontecimentos recentes evidenciaram os riscos persistentes no mercado imobiliário chinês, com potenciais efeitos importantes entre setores e além das fronteiras”, advertiu a OCDE, que destacou “o enfraquecimento do investimento imobiliário, um importante motor de crescimento”.

Alguns números vinculados à Evergrande provocam dores de cabeça: US$ 300 bilhões de dívida, 200.000 funcionários e suspensão de pagamentos de US$ 1,2 bilhão, de acordo com informações divulgada pela agência de classificação Fitch em 9 de dezembro.

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