Mundo
Empresas alemãs restringem atividades no X em reação a Musk
Estudo mostra que 58% das empresas publicam menos ou pararam de usar a rede após ela ser comprada por Musk. Mais da metade também reduziu ou encerrou investimento em publicidade na plataforma


Cada vez mais empresas da Alemanha estão restringindo suas atividades no X, rede social do bilionário Elon Musk. Isso é o que revela uma pesquisa representativa da associação digital Bitkom, realizada com 602 companhias que têm ao menos 20 funcionários.
Segundo o levantamento, 58% das empresas que utilizam o X publicam menos ou até pararam completamente de postar na plataforma desde que o bilionário comprou o antigo Twitter, em 2022. Apenas 32% continuam postando como antes, enquanto 3% aumentaram suas atividades ou só passaram a usar a rede social após ela mudar de dono. Cerca de 4% não publicam qualquer conteúdo.
Resistência contra Elon Musk
Um dos principais motivos para esse recuo, segundo a Bitkom, é o crescente ceticismo em relação a Elon Musk. A figura do bilionário se tornou ainda mais controversa na Alemanha após seu apoio ao partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), o que levou até mesmo a uma queda nas vendas de carros elétricos de sua empresa Tesla. Em janeiro, mais de 60 universidades alemãs e austríacas excluíram suas contas na plataforma pelo mesmo motivo.
Para quase dois terços (63%) dos entrevistados, Musk é “perigoso”, e 74% não concordam que pessoas com esse tipo de influência nas redes sociais assumam cargos políticos.
“Muitas empresas preferem manter distância quando alguém concentra grande poder econômico, político e midiático”, afirma Bernhard Rohleder, diretor-executivo da Bitkom.
Isso se reflete em uma queda significativa na veiculação de anúncios pagos: 51% das empresas entrevistadas investem menos em publicidade no X. Em 2023, após a aquisição do serviço, esse percentual era de 26%.
Atualmente, apenas 7% continuam anunciando na mesma proporção que anunciavam antes de Musk comprar o Twitter, enquanto 37% deixaram totalmente de fazer publicidade.
Empresas pedem mais controle sobre o X
Apesar das críticas, a maioria das companhias não pretende abandonar completamente a ferramenta. Apenas 11% delas planejam excluir seu perfil oficial ainda este ano ou no próximo. Outros 4% consideram fazer o mesmo, mas sem prazo definido. 43% cogitam essa possibilidade, mas não tomam medidas para isso no momento. Já 39% pretendem manter o perfil no X como está.
No total, 85% de todas as empresas – inclusive as que não estão presentes no X – defendem que a plataforma deveria estar sujeita a um maior controle de conteúdo e moderação. Além disso, 80% acreditam que a gestão de Musk acelera a polarização da sociedade, enquanto 21% afirmam que o executivo fortalece a liberdade de expressão com sua atuação.
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