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Em reviravolta, Lula vence Bolsonaro no Reino Unido com 55,18% dos votos

Um número recorde de brasileiros compareceu para votar neste domingo. O índice de abstenção, como se esperava desde o início da manhã, foi menor do que de outras vezes

O ex-presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert
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Numa reviravolta em relação à eleição presidencial de 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o vencedor nas urnas do Reino Unido, onde um número recorde de brasileiros compareceu para votar neste domingo 2. O candidato do PT registrou 55,18% dos 14.796 votos válidos, contra 34,9% do presidente Jair Bolsonaro. O índice de abstenção, como se esperava desde o início da manhã, foi menor do que de outras vezes.

Em 2018, o resultado do primeiro turno da eleição presidencial foi bem diferente. Bolsonaro venceu com o apoio de 51,29% do eleitorado local no primeiro turno, ou 4.797 dos 9.353 votos válidos. Em seguida, vieram Ciro Gomes, com 20,76% e Fernando Haddad, com 10,96%. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles só registrou 25 votos. Na época, havia 25.885 inscritos, o que já era um recorde de brasileiros aptos a votar no país.

Durante todo o dia, o movimento foi intenso. A fila de brasileiros do lado de fora da escola de Hammersmith, local escolhido pelo Consulado-Geral do Brasil em Londres, dobrava dois quarteirões. Havia trânsito nas ruas adjacentes e muita gente por todo o bairro. Teve também batucada, danças e até algumas provocações em uma esquina próxima do ponto de votação.

Fatos isolados de eleitores gritando palavras de ordem foram registrados sem maior gravidade. Votantes carregavam a bandeira do Brasil ou acessórios com as suas cores. Outros foram vestidos com vermelho, fotos e broches de partidos e candidatos, o que é permitido.

Apesar do temor de confusão, o voto transcorreu sem maiores problemas. Foi a primeira vez que a votação aconteceu fora das representações no Brasil no Reino Unido. A opção por um outro local foi adotada justamente para garantir a segurança do processo.


Aumento de inscrições de eleitores

Quinta maior comunidade expatriada no mundo e segunda na Europa, o Reino Unido nunca teve tantos interessados em participar de um pleito presidencial, seguindo uma tendência em outras praças no exterior.

A votação se deu exclusivamente nesta escola. Foram 44 urnas, sendo 40 eletrônicas e quatro de lona. Estas últimas substituíram as urnas eletrônicas defeituosas. Apesar do movimento intenso, a votação foi encerrada sem maiores atrasos. O que demorou um pouco mais foi a contagem dos votos, já que a apuração de quatro urnas teve de ser feita manualmente.

Para garantir a segurança no local, o Consulado reforçou a equipe disponível na escola. Cerca de 80 funcionários do Itamaraty e 40 voluntários trabalham na organização do pleito em Londres. Fiscais dos partidos, assim com uma observadora da Transparência Brasil, também acompanharam a votação deste domingo.


Reforço da segurança

A Metropolitan Police foi avisada. Agentes de inteligência também teriam monitorado o movimento do lado de fora da escola. Até o sistema de transportes da cidade foi alertado. Foi grande o movimento de brasileiros que se deslocaram para votar. Na última eleição, realizada no prédio da Embaixada do Brasil em Londres, houve trocas de xingamentos entre apoiadores dos principais partidos, o que obrigou a polícia britânica a intervir.

Temia-se que enfrentamentos entre eleitores pudessem prejudicado pleito, tendo em vista a confusão que aconteceu há algumas semanas em frente à residência do Embaixador do Brasil em Londres por ocasião da visita ao país do presidente Jair Bolsonaro, que participou do funeral da rainha Elizabeth II, morta no último dia 8 de setembro. Houve troca de insultos e tensão entre apoiadores do presidente, jornalistas e manifestantes que protestavam contra o governo.

O alto índice de comparecimento certamente agradou à brasileira que se instalou em frente à escola com as tradicionais coxinhas de galinha. Não se sabe se influenciada pelos níveis recorde inflação no Reino Unido — os mais altos dos últimos 40 anos — mas a especialidade brasileira saía a quatro libras esterlinas cada, pouco mais de R$ 24 a unidade.

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