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Em recado aos EUA, Xi Jinping condena ‘repressão’ do Ocidente contra a China

As disputas entre Pequim e Washington aumentaram nos últimos anos

Foto: Greg Baker / AFP
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O presidente Xi Jinping criticou a “repressão” ocidental contra a China, estimulada na sua opinião pelos Estados Unidos, e pediu ao setor privado mais inovações para que o país seja menos dependente do exterior.

As ambições de Pequim para desenvolver tecnologia de ponta esbarram nas restrições cada vez maiores de Washington e seus aliados, o que leva as empresas chinesas a redobrar os esforços para prescindir de importações cruciais.

China e Estados Unidos travam uma batalha acirrada pela fabricação de semicondutores, componentes eletrônicos indispensáveis para o funcionamento dos smartphones, veículos conectados ou equipamentos militares.

Em nome da segurança nacional, Washington multiplicou nos últimos meses as sanções contra os fabricantes de semicondutores chineses, que agora não podem obter tecnologia americana.

“Os fatores incertos e imprevisíveis aumentaram consideravelmente para a China”, declarou Xi Jinping na sessão legislativa anual em Pequim, de acordo com uma publicação da agência estatal Xinhua na segunda-feira à noite.

“Países ocidentais liderados pelos Estados Unidos iniciaram uma política de contenção, cerco e repressão contra a China, que provocou severos desafios, sem precedentes, para o desenvolvimento do nosso país”, acrescentou o presidente de 69 anos, que deve obter um terceiro mandato durante a sessão parlamentar anual.

“Diante das mudanças profundas e complexas, tanto a nível internacional como na China, devemos permanecer tranquilos, concentrados… atuar de forma proativa, demonstrar unidade e ousar lutar pelo sucesso”, disse Xi.

As empresas privadas “devem tomar a iniciativa e seguir o caminho de um desenvolvimento de qualidade”, afirmou.

Na segunda-feira, Xi pediu o reforço da independência da China “com a construção de um setor industrial forte”.

“Um grande país de 1,4 bilhão de habitantes deve confiar apenas em si mesmo nesta questão porque os mercados internacionais não podem nos proteger”, insistiu.

“Neomacartismo histérico”

As disputas entre Pequim e Washington aumentaram nos últimos anos sobre questões como Taiwan, a soberania no Mar da China Meridional, o desequilíbrio da balança comercial ou o tratamento da minoria muçulmana uigur.

As relações ficaram ainda mais tensas em fevereiro, quando o governo dos Estados Unidos derrubou um balão chinês que, afirmou, era usado para espionagem, o que a China nega.

O incidente levou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a adiar uma visita diplomática a Pequim, onde pretendia abordar uma série de temas importantes.

Questionado nesta terça-feira durante uma entrevista coletiva, o ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, lamentou o estado atual das relações China-EUA.

O chanceler defendeu que as relações entre as duas potências deveriam ser baseadas no “interesse comum e amizade, e não na política interna americana e esta espécie de neomacartismo histérico”, em referência à caça às bruxas contra o comunismo da década de 1950 nos Estados Unidos.

Qin, que foi embaixador em Washington, também lamentou as recentes acusações de alguns países ocidentais – sem provas, segundo ele – de que a China pretende fornecer armas à Rússia para a guerra na Ucrânia.

O ministro disse que a China não está “na origem nem é parte da crise e não forneceu armas a nenhuma das partes”, ao mesmo tempo que pediu negociações de paz “o mais rápido possível”.

Em fevereiro, Pequim apresentou um documento de 12 pontos que classificou de solução política ao conflito. O texto pede o respeito à integridade territorial de todos os países e faz um apelo por diálogo.

Na entrevista, Qin reiterou que a China “mantém a opção de adotar todas as ações necessárias” para recuperar Taiwan.

Também fez um alerta contra “subestimar a forte determinação, a firme vontade e a poderosa habilidade do governo e povo da China para defender a soberania nacional e a integridade territorial”.

(Com informações da AFP)

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