Ucrânia nomeia primeiro-ministro pró-União Europeia

Na Crimeia, homens armados pró-Rússia invadiram Parlamento e convocaram referendo sobre status da república autônoma

No mesmo dia da nomeação de Arseni Yatseniuk como primeiro-ministro, homens pró-Rússia invadiram o prédio governamental na Crimeia

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O Parlamento ucraniano designou nesta quinta-feira 27 por unanimidade o pró-europeu Arseni Yatseniuk como primeiro-ministro do governo de transição. Yatseniuk dirigirá o governo de união nacional que tomará as rédeas do país antes das eleições presidenciais antecipadas, previstas em 25 de maio.

Também nesta quinta-feira, um grupo de quase 50 homens armados pró-Moscou tomaram o controle de prédios governamentais em Simferopol, capital da Crimeia, península de língua russa do sul da Ucrânia, e hastearam a bandeira russa. Em sessão extraordinária, o Parlamento da Crimeia não reconheceu o novo governo de transição e agendou também para o dia 25 de maio um referendo para dar mais autonomia à região. A consulta que decidirá o futuro da república autônoma pode alterar o status político-legal da região.

A Crimeia, com população majoritária de língua russa, é a região da Ucrânia onde o pró-europeu Arseni Yatseniuk pode enfrentar mais resistências. Yatseniuk se impôs como um dos líderes opositores ao presidente destituído Viktor Yanukovytch, favorável aos russos, e negociou especialmente a entrada da Ucrânia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e as relações com a União Europeia.

Aos 39 anos, o jurista e economista de meteórica ascensão política desempenhou as funções de ministro da Economia e das Relações Exteriores. Na crise política atual, adotou uma posição firme, chegando a rejeitar o posto de primeiro-ministro proposto em janeiro por Yanukovytch.

Menos conhecido no exterior que o ex-boxeador Vitali Klitschko, outro líder da oposição, Yatseniuk tem a imagem de um “banqueiro intelectual”, segundo a revista Focus. Entre 2005 e 2006, ele ocupou os postos de ministro da Economia e de ministro das Relações Exteriores em 2007. Essas experiências podem ser importantes, no momento em que o país enfrenta uma grave crise econômica. Segundo o Ministério das Finanças, Kiev precisa de 35 bilhões de dólares nos próximos dois anos.


Nascido em 1974, em Chernovtsy (sudoeste), Yatseniuk foi designado ministro da Economia da República Autônoma da Crimeia, em 2001. Depois de passar pelo Banco Central, a Revolução Laranja o promoveu em 2005 à pasta de Economia da Ucrânia. Em 2007, ele liderou a diplomacia do país, na qual manteve uma postura pró-Europa. Ele também presidiu o Parlamento ucraniano entre 2007 e 2008. Em 2010, Yatseniuk se candidatou à eleição presidencial, mas obteve apenas 7% dos votos. Dois anos depois, seu partido, a Frente para a Mudança, decidiu se dissolver para se juntar ao de Yulia Tymoshenko.

Nesta quinta-feira, diante da ordem dada pelo presidente russo, Vladimir Putin, para unidades militares no oeste e centro do país – próximas à fronteira com a Ucrânia – ficarem em estado de alerta para verificar sua disposição combativa, o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, advertiu que “qualquer movimento de tropas será considerado uma agressão militar”.

O nacionalista Oleg Tiagnibok, um dos líderes dos protestos que na semana passada provocaram a queda do presidente Viktor Yanukovytch, acusa Moscou de querer “destruir a integridade territorial da Ucrânia”.

A Rússia transferiu para a Ucrânia o controle da Crimeia em 1954, quando as duas repúblicas integravam a União Soviética. A frota russa do Mar Negro, no entanto, permaneceu posicionada no porto de Sebastopol quando a Ucrânia proclamou a independência, em 1991. A Crimeia tem sua população constituída por 60% de russos, 25% de ucranianos e 12% de tártaros.

*Com informações da AFP

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