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Em invasão ao maior hospital de Gaza, Israel revista ‘prédio por prédio’

Mais de 11.500 palestinos morreram desde o início dos bombardeios israelenses, segundo o Ministério da Saúde do enclave

Registro do Exército de Israel no hospital Al-Shifa, em Gaza, em 15 de novembro de 2023. Foto: Exército Israelense/AFP
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O Exército de Israel realizou nesta quinta-feira 16 uma revista minuciosa do principal hospital da Faixa de Gaza, ignorando a preocupação internacional pelos civis que se amontoam no local. As forças do premiê Benjamin Netanyahu alegaram na véspera ter encontrado material bélico do Hamas.

“Os soldados estão revistando cada andar, prédio por prédio, embora centenas de pacientes e pessoal médico ainda estejam no local”, informou um responsável das Forças de Defesa de Israel, citado pela agência AFP.

Os militares invadiram na quarta-feira o complexo hospitalar e acusaram integrantes do Hamas de terem construído ali um centro estratégico e militar. O movimento palestino e os responsáveis pelo hospital negam a acusação.

O corpo de uma mulher feita refém pelo Hamas no ataque de 7 de outubro contra Israel foi encontrado próximo ao hospital, segundo o Exército. “Yehudit [Weiss] foi assassinada pelos terroristas na Faixa de Gaza e não conseguimos chegar a tempo”, disse o porta-voz Daniel Hagari.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que Israel “destruiu o serviço de radiologia e bombardeou os departamentos para o tratamento de queimados e diálise”. A ONU estima haver 2.300 pessoas no hospital.

“Milhares de mulheres, crianças, doentes e feridos estão em perigo de morte”, disse o porta-voz da pasta, Ashraf Al Qudra.

Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa no sul de Israel no qual morreram cerca de 1.200 pessoas e outras 240 foram feitas reféns, segundo autoridades israelenses.

Desde então, Israel bombardeia a Faixa de Gaza e mantém o enclave sob cerco total, deixando mais de 11.500 palestinos mortos, conforme os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

Risco iminente de fome

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, 1,65 milhão de pessoas – dois terços da população de Gaza – foram forçadas a fugir de suas casas devido ao conflito e enfrentam escassez de suprimentos básicos.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou nesta quinta que “o fornecimento de alimentos e água é praticamente inexistente em Gaza” e que os habitantes do território enfrentam um risco iminente “de morrer de fome”.

“Não há como satisfazer as necessidades atuais com apenas uma passagem fronteiriça operando”, denunciou, em um comunicado, Cindy McCain, diretora-executiva do PMA.

A passagem de Rafah, limítrofe com o Egito, é o único ponto de acesso terrestre a Gaza que não faz fronteira com Israel. A ajuda humanitária entra a conta-gotas por essa passagem.

O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos, a UNRWA, Philippe Lazzarini, relatou nesta quinta que “Gaza sofre novamente um corte total de comunicações, porque não há combustível”.

Já o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu uma investigação internacional, diante das “acusações extremamente graves” de violações do direito internacional, “independentemente de quem as cometa”.

A guerra também gerou uma situação “potencialmente explosiva” na Cisjordânia ocupada, alertou Türk, com a intensificação das operações de busca e incursões do Exército israelense, que afirma estar respondendo a um “aumento significativo dos ataques terroristas” desde 7 de outubro.

Mais de 190 palestinos morreram nas mãos de colonos e de soldados israelenses desde aquele dia. Nesta quinta, o braço armado do Hamas reivindicou um ataque realizado por três comandos contra um posto de controle entre Jerusalém e a Cisjordânia ocupada, no qual morreu um soldado israelense.

(Com informações da AFP)

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