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Em Haia, África do Sul diz que ‘genocídio’ provocado por Israel atingiu uma ‘fase horrível’

Representante do país defendeu na CIJ a necessidade de ‘preservar a Palestina e seu povo’

Em Haia, África do Sul diz que ‘genocídio’ provocado por Israel atingiu uma ‘fase horrível’
Em Haia, África do Sul diz que ‘genocídio’ provocado por Israel atingiu uma ‘fase horrível’
Uma coluna de fumaça continua subindo em Rafah, cidade na fronteira entre Gaza e Egito. Foto: AFP
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A África do Sul acusou Israel nesta quinta-feira 16, na Corte Internacional de Justiça, de intensificar o que classificou como “genocídio” em Gaza e pediu ao tribunal que ordene o fim da ofensiva israelense em Rafah.

“A África do Sul esperava, na última vez que compareceu a este tribunal, que este processo genocida fosse interrompido para preservar a Palestina e seu povo”, declarou Vusimuzi Madonsela na Corte, sediada em Haia.

“Em vez disso, o genocídio de Israel continuou e chegou a uma ‘nova fase horrível'”, acrescentou o representante sul-africano.

Os advogados de Pretória deram início a dois dias de audiências no Palácio da Justiça, sede da máxima jurisdição da ONU à qual pediu que ordene um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Na sexta-feira, será a vez da réplica de Israel, que defende seu compromisso “inabalável” com o direito internacional e assegura que as alegações são “totalmente infundadas” e “moralmente repugnantes”.

Em janeiro, em um caso também apresentado pela África do Sul, a CIJ ordenou a Israel que fizesse tudo que fosse possível para evitar atos de genocídio e permitisse o acesso à ajuda humanitária a Gaza.

Mas não ordenou um cessar-fogo como exigia a África do Sul, que entende que a situação no terreno e a operação contra Rafah requerem que a CIJ vá além.

“Como as provas mostram exageradamente, a forma com a qual Israel realiza suas operações militares em Rafah, e no resto de Gaza, é genocida”, disse a África do Sul em seu pedido. “É preciso ordenar que ele pare.”

“Se Rafah cair, Gaza também cairá”

As decisões da CIJ são legalmente vinculantes, mas o órgão não dispõe de meios para aplicá-las. Por exemplo, a jurisdição exigiu em vão que a Rússia parasse sua invasão à Ucrânia.

A África do Sul pede ao tribunal três ordens de emergência (“medidas provisórias” no jargão jurídico), enquanto seus juízes estudam a acusação de que Israel está violando a Convenção de Genocídio da ONU de 1948.

Em primeiro lugar, pede que o tribunal ordene que Israel “se retire imediatamente e pare sua ofensiva militar” em Rafah, uma cidade no extremo sul da Faixa.

Também exige que Israel tome “todas as medidas efetivas” para permitir “acesso desimpedido” a Gaza de trabalhadores humanitários, jornalistas e investigadores.

Pretória reivindica que o tribunal garanta que Israel informe sobre as medidas tomadas para cumprir essas ordens.

“Se Rafah cair, Gaza também cairá”, disse o país africano, em referência à ofensiva israelense no território, onde o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma estarem localizados os últimos redutos do grupo islamista.

A guerra em Gaza eclodiu devido ao ataque sem precedentes do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro, no qual seus militantes mataram mais de 1.170 pessoas e sequestraram cerca de 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma operação terrestre e aérea contra a Faixa de Gaza que matou mais de 35 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.

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