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Em discurso emocionado, Kamala reconhece derrota e promete ajudar Trump na transição de governo
A candidata democrata, superada pelo magnata na eleição, falou a uma multidão de jovens, muitos deles aos prantos


Visivelmente abatida e com a voz embargada, a candidata democrata Kamala Harris subiu em um palco instalado na Howard University, em Washington, nesta quarta-feira 6, com uma mensagem apaziguadora. “Devemos aceitar os resultados”, defendeu, comprometendo-se a ajudar seu rival, o presidente eleito Donald Trump, na transferência de poder.
“Hoje mais cedo, falei com o presidente eleito Trump e o parabenizei por sua vitória”, declarou a vice-presidente. “Nos engajamos em uma transferência pacífica de poder.”
Diante de uma multidão de jovens, muitos deles aos prantos, a líder democrata subiu sozinha ao palco e agradeceu primeiramente ao marido, o advogado Douglas Emhoff, que estava em público com a filha, Ella. Em seguida, Harris agradeceu ao presidente Joe Biden, ao candidato democrata à vice-presidência, Tim Walz, à sua equipe de campanha e a todos os que trabalharam na organização das eleições americanas.
Apoiadores de Kamala Harris choram durante discurso da vice-presidente em 6 de novembro de 2024, após derrota para Donald Trump. Foto: Brendan Smialowski/AFP
A voz da vice-presidente chegou a falhar diversas vezes durante o discurso, devido à emoção. Com uma expressão abatida, Harris também reconheceu que é normal se sentir triste com a derrota. Ao mesmo tempo, convocou seus apoiadores a continuar lutando.
“O resultado dessa eleição não é o que queríamos, não foi para isso que lutamos, não foi para isso que votamos, mas me escutem quando eu digo que a luz da da promessa da América brilhará sempre, desde que nunca desistamos e enquanto continuarmos lutando”, disse.
Respeito da democracia
Harris também usou seu pronunciamento para evocar o respeito pelos valores democráticos, uma constante em sua campanha. Segundo ela, honrar os resultados das eleições “é o que distingue a democracia da monarquia ou da tirania”. “Ao mesmo tempo, no nosso país, devemos lealdade não a um presidente ou a um partido, mas à constituição dos Estados Unidos, e lealdade à nossa consciência e a nosso Deus”, acrescentou.
Após uma campanha marcada por violentas trocas de acusações entre ela e Trump, que chegou a classificar de “perigo à democracia americana”, Harris usou um tom conciliador, fazendo um apelo em prol da união dos americanos: “há mais coisas que nos unem do que nos separam”.
Sobre o temor de seus partidários de um retrocesso nos direitos e nas liberdades com a volta de Trump ao poder, a vice-presidente afirmou estar a par de que “as pessoas sentem que estamos entrando em um período obscuro”. “Mas é o seguinte, América: se assim for, vamos encher o céu com a luz de um bilhão de estrelas brilhantes, a luz do otimismo, da fé, da verdade e do serviço”, concluiu.
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