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Em crise, primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte renuncia ao cargo

Segundo a presidência, ele continuará como chefe de governo interino para ‘os assuntos correntes’

Giuseppe Conte - Foto: OLIVER BUNIC/AFP
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O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte apresentou, nesta terça-feira 26, sua renúncia ao presidente da República, Sergio Mattarella, que iniciará consultas políticas para formar um novo governo, anunciaram fontes oficiais.

Conte, que perdeu o apoio de parte da coalizão, continuará como chefe de governo interino para “os assuntos correntes”, explicou a Presidência da República em um comunicado.

 

A renúncia de Conte marca o início de outra crise política na Itália em plena pandemia. Na quarta-feira, o presidente Mattarella começará a consultar todas as forças políticas.

O chefe do Executivo perdeu em meados de janeiro o apoio do pequeno mas crucial partido “Itália Viva” do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, um partido de centro que critica sua gestão da pandemia e o gigantesco plano de mais de 200 bilhões de euros da União Europeia para a reconstrução do país.

O segundo governo de Conte, formado em setembro de 2019 graças à coalizão entre o PD (centro-esquerda) e o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema), chegou ao fim nesta terça-feira após 509 dias em ação.

Negociar com independentes e moderados

A renúncia foi decidida para evitar uma humilhação política na quarta no Senado, por ocasião da votação das reformas propostas pelo ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, um dos líderes do M5E, e que incluíam a adoção de novas regras para julgamentos civis e penais e abolição da controvertida prescrição após a primeira condenação.

Para evitar sua queda na semana passada, Conte teve que comparecer ao parlamento para um voto de confiança de ambas as casas.

Conte espera obter apoios de setores independentes e de centro para um terceiro mandato. Por sua vez, a oposição de extrema direita pede a convocação de eleições o mais rápido possível, convencida de que irá ganhá-las, enquanto a direita moderada liderada por Silvio Berlusconi se oferece para apoiar um Executivo de unidade nacional.

O primeiro-ministro, um advogado sem experiência política, revelou-se um “camaleão”, capaz de governar com a direita e com a esquerda. A decisão está agora nas mãos do presidente Mattarella, árbitro da situação, segundo o atual sistema parlamentar na Itália.

Um possível terceiro governo presidido por Conte, já chamado pela imprensa de “Conte ter”, teria como objetivo implementar planos-chave para reativar a terceira economia da zona do euro após uma pandemia que ceifou 85.000 vidas.

A busca de consenso é, por enquanto, muito complicada e embora ainda conte com o PD e o M5E, deve compactuar com o desleal Renzi, o que parece difícil, bem como com setores da direita moderada e “europeístas”.

O chefe do Executivo, que superou com folga a votação na Câmara dos Deputados, teve resultado apertado no Senado e saiu enfraquecido.

Desde a Segunda Guerra Mundial, a Itália teve 66 governos, quase um por ano, jogo político ao qual está acostumada.

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