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Em coluna no Le Monde, Lula pede que dívida de países pobres se transforme em fundo para a educação

Cerca de 251 milhões de crianças e jovens estão fora da escola em todo o mundo

Em coluna no Le Monde, Lula pede que dívida de países pobres se transforme em fundo para a educação
Em coluna no Le Monde, Lula pede que dívida de países pobres se transforme em fundo para a educação
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O site do jornal francês Le Monde publicou nesta quinta-feira (14) uma coluna assinada pelo presidente Lula e a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay. No texto, eles pedem que a dívida dos países pobres seja transformada em investimentos para a educação.

A poucos dias do início da cúpula do G20 no Rio, que acontece na segunda (18) e terça-feira (19), Lula e a representante da Unesco defendem que é “possível romper com a pobreza, a dívida e a crise da educação através de mecanismos de financiamento inovadores e duradouros”.

Segundo o texto, o papel da educação na inclusão e na igualdade mundial está no centro dos debates do G20. Cerca de 251 milhões de crianças e jovens estão fora da escola em todo o mundo, como mostra o mais recente relatório mundial da Unesco apresentado no fim de outubro em Fortaleza (CE). Mais da metade mora na África Subsaariana.

É possível romper com uma “tripla crise” de “pobreza, educação e dívida”, que afeta principalmente os países de baixa renda, “por meio da solidariedade internacional e de mecanismos de financiamento inovadores”, escrevem.

“Isso permitiria que os estados mais expostos ao superendividamento negociassem, de forma justa e transparente, o cancelamento de certas dívidas em troca do compromisso de investir os mesmo valores em educação”, dizem Audrey Azoulay e Lula, contando com iniciativas semelhantes já realizadas em nível bilateral.

Eles citam exemplos como a Indonésia e a Alemanha, Camarões e França, ou mesmo Peru e Espanha. Para implantar essas experiências em nível internacional, ambos esperam contar com o envolvimento de Estados e “fóruns como o G20”.

Financiar o desenvolvimento

Em 2022, os custos do serviço da dívida atingiram um montante comparável ao dos orçamentos da educação pública no continente africano. No mesmo ano, a parcela da ajuda oficial ao desenvolvimento dedicada à educação caiu para 7,6%, em comparação com 9,3% em 2019.

“Essa necessidade de pensar o financiamento se insere em um contexto mais amplo, que visa reinventar a arquitetura internacional do financiamento do desenvolvimento, como promete o Brasil em sua presidência do G20”, destaca o texto.

Para Lula e a representante da Unesco, “chegou o momento de dar à governança mundial a ambição e os meios de responder de maneira apropriada aos grandes desafios que temos pela frente”.

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