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Eleições na Holanda são marcadas por recuo da extrema-direita e avanço de partidos centristas

A maioria dos eleitores holandeses decidiu dar seus votos para o partido D66, de centro-esquerda, que subiu de nove para 27 cadeiras no Parlamento; o PVV, de extrema-direita, perdeu 12 cadeiras

Eleições na Holanda são marcadas por recuo da extrema-direita e avanço de partidos centristas
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Rob Jetten, líder do D66, partido mais votado nas eleições legislativas da Holanda. Foto: SIMON WOHLFAHRT / AFP
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O resultado das eleições legislativas antecipadas, realizadas quarta-feira 29 na Holanda, reforça o cenário que as pesquisas de intenção de voto apontaram até o último momento. Após uma disputa acirrada, as urnas mostram que a extrema-direita perdeu a preferência do eleitorado para partidos de tendência centrista.

Desta vez, a maioria dos eleitores holandeses decidiu dar seus votos para o partido D66, de centro-esquerda, que subiu de nove para 27 cadeiras no Parlamento. O Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, liderado por Gert Wilders, caiu para o segundo lugar e agora tem 25 cadeiras das 37 que tinha. Em terceiro lugar ficou o VVD, partido neoliberal, que perdeu apenas uma cadeira e agora tem 23 parlamentares em sua nova bancada.

Já o desempenho da aliança entre o Partido Verde de Esquerda com o partido Trabalhista é considerado decepcionante. A aliança ficou na quarta posição, perdendo cinco cadeiras das 25 que tinha no Parlamento. Por outro lado, é notório o crescimento do partido Democrata-Cristão (CDA), que conquistou 19 cadeiras triplicando sua bancada que contava até então com apenas cinco parlamentares.

A campanha eleitoral girou principalmente em torno da imigração e da crise de moradia, que afeta sobretudo os jovens holandeses. O período foi particularmente marcado por episódios de violência durante manifestações contra estrangeiros e pela disseminação de desinformação.

Página virada

O líder do D66, Rob Jetten, de 38 anos, ganhou tração nas pesquisas graças ao discurso otimista e à sua presença constante nos meios de comunicação. “Milhões de holandeses viraram a página hoje. Disseram adeus à política da negatividade e do ódio”, declarou Jetten em um discurso a seus simpatizantes na quarta-feira.

Já Geert Wilders não escondeu sua decepção. O PVV pretendia repetir os bons resultados obtidos há dois anos. Na rede social X, o ultranacionalista admitiu que esperava um resultado diferente, “mas mantivemos a nossa essência”, ponderou.

Geert Wilders, chamado de Trump holandês, testa sua influência nas eleições do país. Foto: Sem van der Wal / ANP / AFP

Eleições antecipadas

Wilders provocou a antecipação das eleições legislativas holandesas quando seu partido abandonou, em junho, a coalizão de governo por divergências com os outros três partidos sobre a política de asilo do país. As legendas tradicionais descartaram a possibilidade de uma nova aliança com o líder da extrema-direita por não o considerarem confiável.

Ainda assim Wilders se manteve favorito durante o período de transição. Mas sua ausência em debates sem grandes polêmicas favoreceu a oposição, que aproveitou a lacuna para subir na aprovação do eleitorado.

A Holanda é a quinta maior economia da União Europeia. Seu fragmentado sistema político implica que nenhum partido pode alcançar os 76 assentos necessários para governar sozinho, o que exige a busca de consenso e a formação de coalizões.

O futuro próximo do cenário político é de grande incerteza. Especialistas avaliam que as negociações para formar uma nova aliança podem levar meses. O último governo precisou de 223 dias para ser constituído.

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