Em 20 de março de 2003, quando bombas e mísseis da coalizão liderada pelos Estados Unidos choveram sobre cidades iraquianas na campanha inicial de “choque e assombro” contra Saddam Hussein, as placas tectônicas da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial mudaram permanentemente.
Para aqueles de nós que cobriram o período anterior à guerra, a invasão e as longas consequências de uma ocupação marcada pela violenta fratura sectária do país, as profundas repercussões daquele dia momentoso foram obscurecidas pelo choque dos acontecimentos que se desenrolaram. Quando o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, proferiu seu discurso “Missão Cumprida” em 1º de maio, um sopro de presunção era evidente num país assolado por saques e onde emergiam lutas desestabilizadoras pelo poder. O que não podíamos entender então era a escala do ajuste de contas que viria. Olhando para trás, lembro-me do júbilo entre os que apoiaram a invasão pela facilidade com que ela parecia ocorrer. Os pessimistas estavam errados. Saddam e seu regime brutal desapareceram numa operação militar elogiada como breve e exemplar. As armas dos Estados Unidos pareciam preeminentes. Foi uma quimera.
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