Mundo

Economia explica o resultado das eleições no Equador

A economia equatoriana cresceu em media 4% ao ano desde que Rafael Correa, reeleito no domingo, assumiu

Economia explica o resultado das eleições no Equador
Economia explica o resultado das eleições no Equador
Apoie Siga-nos no

Monica Yanakiew*


Correspondente da Agência Brasil/EBC

Quito – O bom desempenho da economia favoreceu o presidente do Equador, Rafael Correa, que foi reeleito no domingo 17 para o terceiro mandato consecutivo. Agora, o maior desafio é  garantir a entrada de divisas estrangeiras para sustentar a moeda (o dólar norte-americano) e, ao mesmo tempo, continuar investindo em programas sociais, sem se endividar.

“A economia equatoriana cresceu, em media, 4% ao ano desde que Correa assumiu, em 2007. E este ano deve continuar crescendo”, disse o economista Pablo Davalos, em entrevista à Agência Brasil. “O problema é que nossa produção não aumenta tanto quanto o consumo e isso coloca em risco nosso modelo de economia dolarizada. Não podemos esquecer o que aconteceu com a Argentina, que se viu obrigada a abandonar uma década de paridade do peso com o dólar em 2001”. Segundo ele, o Equador vai ser obrigado a rever seu modelo em breve.

 

Os equatorianos ainda se lembram da própria crise de 1999, que resultou no fechamento de 75 dos 100 bancos do país. Na tentativa de salvar as instituições financeiras, o governo decretou o “feriado bancário”, congelando depósitos e poupanças, além de desvalorizar o sucre.  Sem ter como controlar a inflação, o Equador acabou trocando o sucre pelo dólar norte-americano em 2000.

O medo da instabilidade do passado pesou sobre o segundo candidato presidencial mais votado: o ex-banqueiro Guillermo Lasso. Em 1999, ele foi superministro da Economia do governo de Jamil Mahuad poucos meses depois do “feriado bancário” e passou boa parte da campanha explicando que não era responsável pelo congelamento dos depósitos bancários.

“Correa é responsável pela estabilidade política: de 1996 até a posse dele, em 2007, nenhum presidente terminou o mandato de quatro anos. Mas o responsável pela estabilidade econômica é o dólar”, disse Davalos. Os altos preços das commodities também beneficiaram o Equador, cuja economia depende da venda de produtos primários – principalmente do petróleo, que representa metade das exportações anuais de 24 bilhões de dólares.

Analistas políticos e até mesmo críticos de Correa concordam que ele teve o mérito de rejeitar as receitas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de promover o crescimento econômico, investindo na inclusão social. A pobreza, que em 1999 afetava 80% da população, foi reduzida para 30% no ano passado. E o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante aumentou de US$ 1,6 mil para 5 mil dólares. Ao mesmo tempo, ele aumentou de maneira significativa os gastos em obras de infraestrutura, educação e saúde. Segundo o economista e ex-ministro da Economia de Correa, Fausto Ortiz, falta, no entanto, ao país uma política para atrair investimentos estrangeiros e nacionais, para financiar os gastos públicos.

“Setenta por cento dos investimentos no Equador são do setor público. Temos que ter cuidado para não depender exclusivamente das exportações de petróleo porque qualquer oscilação no preço pode colocar em risco nossa economia dolarizada”, disse Ortiz à Agência Brasil.  A adoção do dólar como moeda local também provocou distorções na economia: muitos produtores passaram a importar porque sai mais barato. “Das 500 empresas que temos aqui, 250 estão dedicadas ao comércio”, disse Davalos.

 

*Matéria originalmente publicada na Agência Brasil

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo