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Economia dos EUA tem maior queda desde 1947 no segundo trimestre

Derrubada de 9,5% é recorde, e projeções futuras dependerão de como país, epicentro da pandemia, lidará com crise

Economia dos EUA tem maior queda desde 1947 no segundo trimestre
Economia dos EUA tem maior queda desde 1947 no segundo trimestre
Foto: SPENCER PLATT/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP
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A economia dos Estados Unidos despencou 9,5% no segundo trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, anunciou o Departamento de Comércio nesta quinta-feira 30.

Se a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre fosse projetada para todo o ano, ela equivaleria a uma inacreditável retração de 32,9%. É a maior queda trimestral desde o início dos cálculos modernos do PIB pelo governo dos EUA, em 1947.

No mundo inteiro, os dados do PIB costumam ser divulgados na comparação de um trimestre para o outro (ou na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior), mas as autoridades americanas costumam usar a taxa do trimestre projetada para o ano, chamada de taxa anualizada.

Este ano, porém, ela é pouco útil porque dificilmente a economia dos EUA passará de novo por um colapso semelhante ao do segundo trimestre – assim, não faz sentido projetar a taxa do segundo trimestre para todo o ano.

O colapso não tem precedentes nas últimas décadas e é resultado da pandemia do novo coronavírus, que fechou empresas em todo o país e colocou milhões de americanos no desemprego.

Situações semelhantes ocorreram apenas durante a Grande Depressão e a desmobilização depois do fim da Segunda Guerra Mundial, afirmou o New York Times.

A queda de abril a junho sucedeu um retrocesso de 5% na projeção anualizada entre janeiro e março, quando a economia americana oficialmente entrou em recessão, pondo fim a 11 anos de expansão econômica, o período mais longo já registrado nos EUA.

A contração do segundo trimestre foi puxada pela queda no consumo interno, que responde por cerca de 70% da atividade econômica nos EUA. Na projeção anual, os consumidores gastaram 34,6% menos com o cancelamento de viagens e o fechamento de muitos bares e restaurantes, além de cinemas, teatros e outros locais.

A queda do PIB “destaca o choque sem precedentes à economia por parte da pandemia”, afirmou o economista Andrew Hunter, da consultoria britânica Capital Economics. Segundo ele, deverá levar anos para recuperar o estrago.

O mercado de trabalho foi duramente afetado pela pandemia. Dezenas de milhões de empregos desapareceram na recessão. Ao longo de 19 semanas, mais de 1 milhão de pessoas solicitou algum tipo de auxílio-desemprego. Cerca de um terço dos empregos perdidos já foi recuperado, mas a volta do vírus deverá causar novos estragos.

O presidente Donald Trump pressionou os estados para reabrirem o comércio apesar dos alertas de que o vírus continua sendo uma ameaça para trabalhadores e consumidores, principalmente no setor de serviços.

Para muitos economistas, a economia só poderá se recuperar plenamente quando o vírus for derrotado. Essa opinião foi expressada pelo presidente do Fed (banco central), Jerome Powell, nesta quarta-feira. Ele também anunciou juros baixos por um longo tempo.

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