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Economia dos EUA surpreende e cresce 4,3% no terceiro trimestre

Os dados foram publicados com atraso devido à paralisação do governo

Economia dos EUA surpreende e cresce 4,3% no terceiro trimestre
Economia dos EUA surpreende e cresce 4,3% no terceiro trimestre
Turistas em uma tradicional região de compras em Nova York – Foto: Charly Triballeau/AFP
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A economia dos Estados Unidos registrou um forte crescimento de 4,3% na projeção anual no terceiro trimestre de 2025, muito acima do esperado pelos analistas, segundo dados oficiais publicados nesta terça-feira 23, com atraso devido à prolongada paralisação do governo federal.

Na comparação com o segundo trimestre, o crescimento foi de 1,1%.

O PIB foi impulsionado particularmente por um aumento do consumo, pelas exportações e pelos gastos públicos, parcialmente compensados para baixo devido a uma queda do investimento, segundo o Departamento do Comércio.

Nos Estados Unidos, o serviço de estatísticas do Departamento de Comércio (BEA) prioriza a medição trimestral do Produto Interno Bruto (PIB) na projeção anual, uma estimativa em 12 meses se forem mantidas as condições no momento da coleta de dados.

Acima do esperado

Os analistas esperavam uma moderação da atividade, com um aumento anualizado do PIB em torno de 3,2%, frente a 3,8% no trimestre anterior, segundo os consensos publicados pela MarketWatch e pela Trading Economics.

Os dados divulgados nesta terça – uma estimativa preliminar – são publicados com quase dois meses de atraso, devido ao shutdown (de 1º de outubro a 12 de novembro), que suspendeu o trabalho das agências de estatística devido à falta de orçamento.

O indicador, muito positivo à primeira vista, esfriou os mercados financeiros americanos, que devem abrir operando no vermelho.

A bolsa de Nova York abriu sem fôlego nesta terça sob o efeito dos dados trimestrais do PIB. Nas primeiras operações, o Dow Jones registrava queda de 0,17%, enquanto o índice Nasdaq recuava 0,10% e o índice amplo S&P 500 se mantinha perto do equilíbrio (-0,08%).

Para Wall Street, “com um PIB tão forte, o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) tem um motivo a mais para preferir o status quo (das taxas de juros) em sua próxima reunião”, explicou à AFP Sam Stovall, analista da empresa CFRA.

Juros baixos barateiam o crédito e dinamizam o consumo e os investimentos.

Os mercados financeiros ainda esperavam uma queda nas taxas de juros do Fed em 28 de janeiro para impulsionar ainda mais o crescimento. Até agora, o PIB tem evoluído aos solavancos.

No começo do ano, foi registrada uma contração inesperada (-0,6%), devido a uma avalanche de importações em antecipação às tarifas aduaneiras que o presidente Donald Trump estava impondo.

O segundo trimestre surpreendeu no sentido contrário. Um recuo das importações e um consumo sólido deram impulso à economia.

Futuro incerto

Para além destes vaivéns trimestrais, os encarregados do Fed esperavam que os Estados Unidos encerrassem 2025 com um crescimento de 1,7% em relação a 2024.

O PIB crescia 2,8% interanual no final de 2024, ou seja, antes da volta de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro.

O Executivo americano sustenta que sua política, à qual qualifica de “pró-crescimento”, com tarifas aduaneiras, redução de impostos e desregulamentação, está dando frutos.

Frente a pesquisas que mostram um descontentamento crescente dos eleitores com o custo de vida, o governo destaca em particular os créditos fiscais adicionais que eles deveriam receber no próximo ano.

A Pantheon Macroeconomics estima que estes créditos fiscais terão um “impacto moderado” sobre o crescimento em 2026, pois “o nível relativamente baixo da confiança dos consumidores tende a sugerir que muitas famílias vão poupar grande parte” desse dinheiro.

Alguns economistas consideram, ainda, que o crescimento está pouco equilibrado, pois se apoia sobretudo nos investimentos em inteligência artificial (IA) e na construção de centros de dados, enquanto setores mais tradicionais estão estagnados.

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