Economia da Alemanha encolhe 0,3% e entra em recessão técnica

PIB alemão apresenta queda em dois trimestres seguidos. Inflação elevada, alavancada sobretudo pelos preços da energia, trava gastos do consumidor

O ministro alemão da Economia e Proteção Climática, Robert Habeck, participa de uma sessão do Bundestag alemão (câmara baixa do parlamento) em Berlim em 25 de maio de 2023. Foto: Tobias SCHWARZ / AFP

Apoie Siga-nos no

A economia da Alemanha encolheu 0,3% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com os três meses anteriores, mostraram dados divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) nesta quinta-feira (25/05).

Após uma contração de 0,5% nos últimos três meses de 2022, este foi o segundo trimestre consecutivo de queda do Produto Interno Bruto (PIB) alemão – caracterizando uma “recessão técnica”.

A queda ocorre num momento em que a Alemanha enfrenta uma alta nos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia, que pesou sobre o orçamento de residências e empresas.

Em abril, uma estimativa preliminar do Destatis apontou que o PIB alemão havia estagnado em crescimento zero no primeiro trimestre – indicando que a Alemanha teria escapado por pouco de uma recessão.

Energia em alta impulsiona inflação

“Foram necessárias algumas revisões estatísticas, mas, no final das contas, a economia alemã realmente se comportou neste inverno da forma que já temíamos desde o verão passado”, disse o economista do banco ING Carsten Brzeski em nota aos clientes. “O inverno ameno, a recuperação na atividade industrial, ajudada pela reabertura chinesa, e uma diminuição dos atritos na cadeia de suprimentos não foram suficientes para tirar a economia da zona de perigo da recessão.”

O aumento do custo da energia impulsionou a inflação, que ficou em 7,2% na Alemanha em abril, apenas ligeiramente abaixo de seu pico no final de 2022.


“A persistência de grandes altas de preços continuou sendo um fardo para a economia alemã no início do ano”, afirmou o Destatis em comunicado.

O impacto foi sentido principalmente pelos consumidores, que frearam gastos com itens como alimentação e vestuário, bebida, calçados e mobiliário. Eles também compraram menos carros novos, possivelmente devido à interrupção dos subsídios do governo no final de 2022.

Fracos indicadores econômicos

“A revisão negativa do índice não surpreendeu após uma série de fracos indicadores econômicos”, disse Jens-Oliver Niklasch, analista do banco LBBW. “Os primeiros indicadores sugerem que as coisas continuarão fracas da mesma forma no segundo trimestre de 2023”, acrescentou Niklasch.

As encomendas industriais, que antecipam a produção industrial, despencaram em março na comparação com o mesmo mês do ano passado.

A Alemanha, que dependia fortemente das importações de energia da Rússia, ficou particularmente exposta após a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado. A redução do fornecimento de gás, em particular, fez com que Berlim procurasse encontrar novas fontes de energia e preencher as reservas antes do que se previa ser um inverno rigoroso no final de 2022.

Mas o inverno se mostrou ameno na Alemanha, afastando os piores cenários – como a falta de gás, que teria devastado a economia.

(Com informações de AFP, Reuters, DPA)

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.