Mundo
Diretor artístico da cerimônia de abertura de Paris 2024 presta queixa por ameaças
. O Ministério Público de Paris abriu uma investigação para apurar a denúncia


A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos foi criticada por autoridades religiosas e líderes políticos conservadores de todo o mundo, e continua repercutindo agora no campo jurídico, com a abertura de uma investigação por assédio cibernético contra o seu diretor artístico, Thomas Jolly.
Nessa semana, a DJ francesa Barbara Butch, estrela da cena queer, que participou da cerimônia, também prestou queixas por cyberbullying após receber ameaças de morte nas redes sociais.
Jolly apresentou queixa à Brigada de Repressão à Delinquência Contra a Pessoa (BRDP), “explicando que foi alvo nas redes sociais de mensagens com ameaças e insultos criticando a sua orientação sexual e as suas supostas origens israelenses”, confirmou o Ministério Público de Paris.
As acusações incluídas na sua denúncia são “ameaças de morte devido à sua origem, ameaças de morte devido à sua orientação sexual, insulto público devido à sua origem, insulto público devido à sua orientação sexual e difamação”.
Questionado pela AFP, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris indicou que “prestou o seu apoio (…) bem como aos autores e artistas da cerimônia quanto aos ataques dirigidos contra eles”. “Condenamos veementemente as ameaças e o assédio de que são vítimas”, acrescentou.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, por sua vez, prestou “(seu) apoio inabalável a Thomas Jolly diante das ameaças e assédios de que é vítima há vários dias”.
“Durante a cerimônia de abertura, Thomas Jolly falou muito bem dos nossos valores. Foi um orgulho e uma honra para Paris poder contar com o seu talento para engrandecer a nossa cidade e dizer ao mundo o que somos”, disse Hidalgo em um comunicado.
“Autores no exterior”
Embora a criatividade da cerimônia, que aconteceu no dia 26 de julho, tenha sido elogiada por muitos espectadores, a cena do espetáculo intitulada “Festividade” alimentou a polêmica nos círculos conservadores e de extrema direita no exterior, bem como na França.
A imagem de um grupo sentado a uma mesa, incluindo várias drag queens famosas (Nicky Doll, Paloma e Piche), tem sido interpretada por alguns como uma paródia da última refeição de Jesus com seus apóstolos, a Última Ceia, como retratado por Leonardo da Vinci, o que os organizadores negam. Thomas Jolly explica que queria representar um “grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”.
O ex-presidente dos EUA e candidato à Casa Branca, Donald Trump, chamou a cena de “desgraça”, enquanto o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu ao Papa Francisco que “levantasse a voz” com ele contra a “propaganda perversa” transmitida, segundo ele, pela cerimônia.
A investigação das ameaças contra Thomas Jolly, liderada pelo Polo Nacional de Combate ao Ódio Online (PNLH) do Ministério Público, foi confiada ao Escritório Central de Combate aos Crimes Contra a Humanidade e aos Crimes de Ódio (OCLCH), disseram fontes próximas.
Segundo uma fonte, muitas mensagens de ódio foram escritas em inglês. Nesta sexta-feira, a origem geográfica das mensagens ainda não foi identificada, mas tudo indica que há autores no exterior.
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