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‘Diplomacia dos pandas’: Japão repatriará ursos da China em meio a tensões entre os dois países

Desde 1972, esses animais têm sido uma ferramenta discreta de diplomacia

‘Diplomacia dos pandas’: Japão repatriará ursos da China em meio a tensões entre os dois países
‘Diplomacia dos pandas’: Japão repatriará ursos da China em meio a tensões entre os dois países
O panda 'Lei Lei' no Zoológico de Ueno, em Tóquio. Foto: JIJI PRESS/AFP
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Xiao Xiao e Lei Lei, os últimos pandas do Japão, serão repatriados para a China em janeiro de 2026. A partida ocorre em meio a relações diplomáticas cada vez mais tensas entre Tóquio e Pequim e, se os animais não forem substituídos, o Japão ficará sem pandas chineses pela primeira vez em mais de meio século.

Eles sobreviveram por muito tempo a crises diplomáticas, disputas territoriais e mudanças políticas, mas desta vez, até os pandas estão em questão.

O Japão anunciou na segunda-feira 15 que antecipará a repatriação, prevista para fevereiro, dos dois últimos animais presentes no país. Não há perspectiva do envio de novos pandas ao Japão.

Em Tóquio, visitantes se aglomeram do lado de fora do recinto do Zoológico de Ueno, onde Xiao Xiao e Lei Lei vivem, para vê-los pela última vez antes de sua partida. O Japão ficará sem pandas chineses pela primeira vez em 50 anos.

Desde 1972, esses animais têm sido uma ferramenta discreta de diplomacia, cedidos até mesmo em períodos de tensão. Sua possível não substituição faz parte de um clima mais amplo de tensão entre os dois países. As relações esfriaram visivelmente nos últimos meses, em um contexto de divergências estratégicas em torno de Taiwan e da segurança regional.

A China e o Japão mergulharam em uma crise diplomática neste mês, depois que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sugeriu que seu país poderia intervir militarmente em caso de um ataque chinês a Taiwan.

Sinais de tensão

Os sinais de tensão estão se acumulando, embora não de forma espetacular: alertas a turistas chineses, restrições a certos produtos do mar japonês e redução em algumas conexões aéreas. Até mesmo a cultura popular é afetada, com o adiamento de eventos relacionados ao Japão na China.

Pequim está evitando o confronto direto e mantendo sua arma comercial em segundo plano. Mas, por meio desses gestos simbólicos, a mensagem é clara: a relação está se deteriorando. Nesse jogo silencioso, os pandas se tornaram o sintoma mais visível de uma crise mais profunda.

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