Mundo

Desleixo favorece chefe dos chefes da Cosa Nostra

Procurador Francesco Messineo deixou passar a oportunidade de prender Matteo Messina Denaro, apelidado “Diabolik”

Desleixo favorece chefe dos chefes da Cosa Nostra
Desleixo favorece chefe dos chefes da Cosa Nostra
Livro sobre Matteo Messina Denaro
Apoie Siga-nos no

Volto ao capomafia Matteo Messina Denaro que, sem tirar os pés da siciliana região de Trapani, encontra-se foragido da Justiça desde 1983.

Em abril passado escrevi com exclusividade para CartaCapital sobre um de seus laranjas – o rei das eólicas -,  usado na reciclagem de capitais de procedência mafiosa.

Com efeito. Na sessão de quarta-feira 12, o Conselho da Magistratura na Itália, presidido pelo presidente da República Giorgio Napolitano, determinou a abertura de processo de transferência, por incompatibilidade para permanecer no ofício de procurador-chefe de Palermo, do magistrado Francesco Messineo.

Segundo o processo administrativo disciplinar, o procurador Messineo, por incúria, deixou passar a oportunidade de prender Matteo Messina Denaro, apelidado “Diabolik” e que, depois das prisões dos chefões Totó Riina e Bernardo Provenzano, tornou-se o “capo dei capi” (chefe dos chefes) para muitos especialistas em Cosa Nostra.

Em fevereiro passado, a procuradora Teresa Principato (colaboradora do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone) comunicou a Messineo que as chances de captura do foragido capomafia eram grandes. Isso porque, pela primeira vez em mais de 20 anos, o mensageiro (“postino”) de Messina Denaro havia sido identificado e fotografado quando lia as mensagens (“pizzini”) recebidas e deveria fazer circular.

O “postino” chama-se Leo Sutera. A procuradora Tresa Principato solicitou formalmente ao procurador-chefe Messineo para priorizar a vigilância com relação aos deslocamentos de Sutera, pois isso poderia levar ao capomafia Messina Denaro. Mais ainda, durante as diligências e escutas ambientais, o cumprimento de um certo e determinado mandato de prisão contra Sutera, expedido pela Justiça de Caltanissetta, deveria ser retardado.

Messineo fixou a Principato o prazo improrrogável de 30 dias para as diligências. Tão logo esse terminou, Messineo determinou a imediata prisão de Sutera por fatos que nada tinham com o capomafia Messina Denaro.

Assim, o procurador queimou a única pista que poderia levar a Matteo Messina Denaro. E o capomafia deve estar exultante, uma vez que a notícia e o motivo gerador do procedimento disciplinar contra o procurador Francesco Messineo acabam de ser revelados pela imprensa italiana.

A mídia italiana, a respeito, relembra três outros casos arquivados e que envolvem Messineo: (1) o do seu irmão, acusado de estelionato, (2) o referente ao cunhado que transpira odor de máfia e, por tabela, (3) uma ajuda (informação reservada) ao banqueiro que dera emprego ao seu filho.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo