Mundo

Desemprego cresce em setembro nos EUA, apesar de aumento nas contratações

O resultado saiu com mais de seis semanas de atraso devido à paralisação do governo norte-americano

Desemprego cresce em setembro nos EUA, apesar de aumento nas contratações
Desemprego cresce em setembro nos EUA, apesar de aumento nas contratações
Donald Trump conversa com jornalistas a bordo do seu avião Air Force One. Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP
Apoie Siga-nos no

O mercado de trabalho continuou a se deteriorar em setembro nos Estados Unidos, com uma taxa de desemprego de 4,4%, segundo dados publicados nesta quinta-feira 20 pelo Departamento do Trabalho, com mais de seis semanas de atraso devido à paralisação (“shutdown”) do governo.

A criação de empregos, no entanto, superou as expectativas para o mês, registrando 119.000 novos postos de trabalho. O número superou significativamente as previsões dos analistas, que estimavam 52.000 novos empregos para setembro, de acordo com o consenso publicado pela MarketWatch.

O serviço de estatísticas do Departamento do Trabalho aproveitou a oportunidade para revisar os dados de agosto, estimando agora que 4.000 vagas foram perdidas naquele mês, em vez da criação de 22.000 postos inicialmente projetada.

Em agosto, a taxa de desemprego havia sido de 4,3%.

As estatísticas de setembro deveriam ter sido publicadas em meados de outubro, mas o fechamento do governo durante 43 dias por falta de acordo político sobre o Orçamento impediu a divulgação.

O Departamento do Trabalho também não poderá informar os dados relativos a outubro, visto que as pesquisas não puderam ser realizadas devido ao shutdown.

Portanto, o relatório de setembro será o último publicado antes da próxima reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), marcada para o início de dezembro.

Na reunião, o comitê monetário (FOMC, na sigla em inglês) deve decidir sobre uma possível redução nas taxas de juros.

Durante o último ano, a taxa de desemprego aumentou de 4,1% para 4,4%, com quase 700.000 pessoas a mais sem trabalho em comparação a setembro de 2024.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os dados divulgados nesta quinta-feira “mostram que a economia americana continua forte”.

O que acontecerá com as taxas?

“Os dados, embora atrasados, sugerem um mercado de trabalho que não está em queda livre. Não é um relatório ruim, embora também não possa ser classificado como bom, entre o aumento do desemprego e a estagnação do tempo de trabalho”, apontou Patrick O’Hare em uma nota para Briefing.com.

No entanto, “este relatório não deveria ser suficiente para convencer os membros mais restritivos (defensores de taxas de juros mais altas, ndlr) do Fed a reduzir as taxas em dezembro”, acrescentou o analista.

O aumento do desemprego afeta particularmente as mulheres e as pessoas de origem asiática, enquanto permanece estável para latinos, negros americanos e homens.

Em setembro, o mercado de trabalho foi impulsionado por setores como saúde, assistência social e serviços de alimentação, enquanto os de logística e empregos públicos federais caíram.

Cerca de 100.000 postos no governo foram eliminados desde janeiro, quando Donald Trump voltou ao poder.

Os dados sobre o desemprego poderiam pressionar ainda mais o Fed a não reduzir pela terceira vez suas taxas, atualmente situadas em uma faixa de 3,75% a 4%.

No estado atual, os responsáveis pelo Fed têm dificuldades para avaliar a situação real da economia americana, devido à falta de dados publicados nas últimas semanas e ao possível cancelamento de outras publicações inicialmente previstas para este mês.

Alguns membros do Comitê de Política Monetária (FOMC, na sigla em inglês) desejam que o banco central continue na direção de uma redução, para apoiar um mercado de trabalho que mostra cada vez mais sinais de esgotamento, enquanto outros, preocupados com uma inflação persistente, preferem esperar antes de realizar um novo corte.

Os mercados preveem cada vez mais que a próxima reunião concluirá com as taxas inalteradas, segundo a FedWatch.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo