Deputada maltesa Roberta Metsola é eleita presidente do Parlamento Europeu

Famosa por suas posições antiaborto, a eurodeputada prometeu que sua atuação irá 'representar a posição do Parlamento', mesmo sobre direitos sexuais e reprodutivos

Foto: PATRICK HERTZOG/AFP

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A deputada conservadora maltesa Roberta Metsola foi eleita presidente do Parlamento Europeu, nesta terça-feira (18), ao obter maioria na primeira rodada de votação, e sucederá ao italiano David Sassoli.

Na disputa, obteve 458 votos, derrotando a sueca Alice Bah Kuhnke, candidata da bancada dos Verdes, com 101 votos, e a espanhola Sira Rego, do grupo do Izquierda, com 57 votos.

Sua candidatura recebeu o apoio do maior bloco político do Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu (PPE, direita).

Roberta Metsola é a terceira mulher a ocupar a Presidência do Parlamento Europeu, depois das francesas Simone Veil (1979 a 1982) e Nicole Fontaine (1999 a 2002). Sassoli, cujo mandato terminou esta semana, faleceu em 11 de janeiro passado.

Em seu primeiro discurso como presidente do Parlamento, Metsola homenageou Veil e Fontaine e manifestou sua esperança de que “não demore mais 20 anos” para que outra mulher chegue a esse cargo.

Posição questionada

A pessoa escolhida para presidir o Parlamento “precisa ser uma pessoa que constrói consensos, que ouve, que pode unir diferenças”, disse Metsola em seu discurso de apresentação da candidatura.


Eurodeputada desde 2013 e vice-presidente do Parlamento desde 2020, Metsola, que completa 43 anos nesta terça-feira, ganhou visibilidade recentemente ao substituir Sassoli, de modo interino, durante as várias semanas de seu afastamento da Câmara por doença.

Essa mãe de quatro filhos também atraiu críticas de alguns de colegas, em particular por suas convicções antiaborto, uma visão amplamente difundida em Malta. Este é o último país da União Europeia (UE) onde o aborto continua sendo completamente ilegal.

Consciente das reservas que levantou sobre este tema, Metsola havia antecipado que seu dever à frente do Parlamento “será representar a posição do Parlamento”, mesmo sobre direitos sexuais e reprodutivos.

Acordos e divergências

Segundo uma tradição, quase sempre houve uma alternância entre esquerda e direita para as eleições de meio de mandato para o Parlamento Europeu.

Inicialmente, Metsola seria beneficiada pelo acordo alcançado entre as três principais forças políticas da Casa: PPE, S&D (socialdemocratas) e Renew Europe (centristas e liberais).

Em 2019, esses grupos concordaram em 2019 em apoiar a candidatura do socialdemocrata Sassoli e em que um candidato do PPE assumisse o cargo na segunda metade da legislatura. Devido às suas recentes vitórias eleitorais, particularmente na Alemanha, os socialdemocratas revisaram sua posição nesse acordo tácito.

A líder do grupo dos socialdemocratas, a espanhola Iratxe García, destacou que queria defender um candidato “de acordo com prioridades e valores”.

Os três grupos finalmente chegaram a um novo acordo na segunda-feira, em torno de uma declaração política que menciona várias prioridades. Entre elas, estão a luta contra a violência contra as mulheres e pela igualdade de gênero.

O documento menciona ainda a tributação europeia e o lugar de implementação de uma diretiva de salário mínimo. Além disso, atribui-se cinco postos de vice-presidentes do Parlamento à bancada socialdemocrata, assim como a presidência de algumas comissões.

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