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Denúncias de corrupção na Venezuela iniciam nova crise política e ameaçam Guaidó

Reportagem revela envolvimento de nove deputados da oposição em casos de corrupção. Apesar de prometer investigações, Guaidó perde poder

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Uma investigação divulgada neste domingo 01 revela denúncias de corrupção contra aliados do líder opositor venezuelano, Juan Guaidó. As informações desencadearam uma crise que enfraquece sua estratégia de expulsar do poder o presidente Nicolás Maduro.

A investigação jornalística publicada pelo site Armando.Info aponta o envolvimento de nove deputados da oposição – alguns da Comissão de Controladoria do Parlamento – em manobras em favor do empresário colombiano Carlos Lizcano, vinculado a um programa de Maduro para distribuir alimentos subsidiados.

Lizcano é identificado pelo portal como “subalterno” de outros dois empresários colombianos, Alex Saab e seu sócio Álvaro Pulido, sancionados em 25 de julho pelos Estados Unidos após acusações de sobrepreços em suas importações de alimentos para os chamados Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP). Saab e Pulido enfrentam acusações da justiça americana por lavagem de dinheiro proveniente do plano de Maduro, que a oposição denuncia como estratégia de controle social.

Os legisladores, de acordo com a investigação, enviaram pedidos às autoridades da Colômbia e dos Estados Unidos de “indulgência” para Lizcano, considerando que ele não esteve envolvido nos crimes de Saab e Pulido.

“Não permitirei que a corrupção ponha em risco tudo o que sacrificamos (…) nem ao regime nem a um pequeno grupo de imorais que querem fraturar os venezuelanos. Não vamos encobrir os crimes de ninguém”, reagiu Guaidó, chefe do Legislativo e reconhecido como presidente interino por cinquenta países. O líder da oposição anunciou medidas contra essas denúncias.

Os principais partidos da oposição – Vontade Popular e Primeiro Justiça – excluíram de suas bancadas legislativas cinco dos deputados que aparecem no relatório do Armando.Info. Os demais fazem parte de outros partidos. As legendas também anunciaram investigações internas para determinar “responsabilidades” e possíveis “sanções”.

Neste momento, Guaidó tenta, sem muito sucesso, reativar os protestos contra Maduro. A aceitação do opositor, que se autoproclamou presidente em 23 de janeiro, tem caído, enquanto o presidente socialista resiste com o apoio de um setor da população, militares, Cuba, Rússia e China. A popularidade de Guaidó, que atingiu 63%, caiu para 42% em outubro, segundo pesquisa Datanálisis.

Se não conseguir lidar com as denúncias de corrupção, sua imagem poderá se desgastar ainda mais. Em 5 de janeiro, Juan Guaidó terminará seu mandato à frente do Parlamento. Embora existam acordos para sua continuidade, grupos minoritários criticam sua estratégia contra o chavismo e outros estão em negociações com Maduro.

(Com informações da AFP)

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