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Democratas preparam projeto de lei em defesa da liberdade de expressão nos EUA
A proposta busca ‘criar uma proteção específica para aqueles que são atacados por razões políticas’


Os legisladores do Partido Democrata dos Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira 18 que apresentarão um projeto de lei para “proteger a liberdade de expressão”, que consideram ameaçada pelo presidente Donald Trump e seu governo, especialmente após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk.
Este assassinato é uma “tragédia nacional” após a qual Trump deveria ter se esforçado para “unir o país” e não “explorá-la para destruir a oposição política”, acusou o senador Chris Murphy em uma coletiva de imprensa no Congresso em Washington.
Murphy citou como exemplo a suspensão pela rede ABC do programa do comediante Jimmy Kimmel, um crítico feroz de Trump, após ele afirmar que o movimento MAGA (Make America Great Again) dos trumpistas buscava explorar politicamente o homicídio de Kirk.
“Isso é censura. Um controle estatal da palavra. Isso não é os Estados Unidos”, indignou-se Murphy.
O projeto de lei busca “criar uma proteção específica para aqueles que são atacados por razões políticas”, explicou, mencionando sem detalhar “consequências reais para os funcionários governamentais que usam seu poder para atacar a liberdade de expressão”.
O senador Alex Padilla enumerou acontecimentos recentes que considera preocupantes, como as críticas de Trump a um jornalista que lhe perguntava sobre sua família, e as ações judiciais contra os jornais New York Times e Wall Street Journal “por publicarem artigos dos quais ele não gosta”.
A proposta tem como objetivo “proteger igrejas, associações, jornais, universidades, estudantes, trabalhadores, de qualquer presidente que ataque seus opositores políticos”, disse o representante Greg Casar.
As recentes declarações da secretária de Justiça e procuradora-geral Pam Bondi, que distinguiu entre “liberdade de expressão” e “discurso de ódio”, geraram indignação mesmo entre os conservadores.
“A liberdade de expressão é uma pedra angular de nossa democracia e este governo tenta sufocá-la. Eles não querem que as pessoas se expressem quando não gostam do que dizem. Isso é o caminho para a autocracia”, alertou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer.
Os republicanos, por sua vez, alegam que, durante a presidência anterior, houve censura na internet, como quando o New York Post publicou em 2020 informações comprometedoras sobre Hunter, filho do então presidente democrata Joe Biden.
O Facebook e o Twitter restringiram na época a divulgação desse artigo sob o argumento de que se tratava de “desinformação russa”.
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