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Democratas dão ultimato a Mike Pence para afastar Donald Trump do cargo

A 25ª Emenda permite que o vice assuma a liderança do país quando o presidente estiver impossibilitado de continuar a exercer suas funções

Trump aponta para eleitores durante campanha. Foto: MANDEL NGAN / AFP Trump aponta para eleitores durante campanha. Foto: MANDEL NGAN / AFP
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Os democratas estão determinados a iniciar um segundo processo de impeachment contra Donald Trump, após a invasão do Congresso na semana passada. No campo republicano, vários parlamentares se mostram abertos à ideia de apoiar a medida. Se for condenado, Trump se tornaria inelegível. Mas o primeiro passo da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, será pedir ao vice-presidente Mike Pence para destituir Trump por incapacidade, com base na 25ª emenda à Constituição.

A 25ª Emenda permite que o vice assuma a liderança do país quando o presidente estiver impossibilitado de continuar a exercer suas funções – por exemplo, se ficar incapacitado devido a uma doença física ou mental. Os democratas veem Donald Trump como “desequilibrado” e perigoso, principalmente depois dele ter incentivado seus apoiadores a invadir o Capitólio na quarta-feira 6 passada.

No domingo 10, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse que entrará com um pedido nesta segunda-feira 11 para que Pence ative, em caráter de urgência, a 25ª emenda. O vice terá 24 horas de prazo para se posicionar. Quatro dias após os eventos no Capitólio, que deixaram cinco mortos e abalaram os Estados Unidos, Pelosi descreveu o presidente republicano como uma “ameaça iminente” contra a democracia e a Constituição americana.

“Prosseguiremos com a apresentação da legislação de impeachment” ao plenário da Câmara dos Representantes na segunda ou terça-feira (12), se Trump não for removido por seu gabinete”, disse Pelosi. “Com o passar dos dias, o horror do ataque contínuo à nossa democracia perpetrado por este presidente se intensifica e também a necessidade imediata de ação”, enfatizou. O projeto de lei já foi redigido e conta com o apoio de cerca de 200 deputados. Depois da votação na Câmara, o texto segue para o Senado, que só deve se reunir no dia 19, véspera da posse do presidente eleito, Joe Biden.

Trump já foi a julgamento uma vez na Câmara, controlada pelos democratas, em dezembro de 2019, por ter pressionado o líder da Ucrânia a investigar Biden, com o objetivo de prejudicar suas chances de disputar as eleições presidenciais de 2020. Mas acabou sendo absolvido pelo Senado, de maioria republicana.

A nove dias da posse de Biden, é pouco provável que o processo de impeachment vá até o fim, mas os democratas dispõem de votos suficientes na Câmara para aprovar um novo pedido de destituição e podem até contar com a adesão de alguns parlamentares republicanos para iniciar o procedimento. É improvável, porém, que reúnam a maioria de dois terços necessária para condenar Trump no Senado.

Schwarzenegger compara invasão do Capitólio à violência nazista

O ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger pediu no domingo a união do país, após o violento ataque ao Capitólio. Em um vídeo postado no Twitter, que rapidamente viralizou, o astro de Hollywood comparou os acontecimentos da última quarta-feira à “Noite dos Cristais”, quando hordas de nazistas atacaram, entre outros atos de violência, as vitrines de lojas de judeus em 1938.

“Quarta-feira foi a Noite dos Cristais aqui na América”, comparou Schwarzenegger, sentado atrás de uma mesa cercado pelas bandeiras dos Estados Unidos e da Califórnia. “O vidro quebrado era o das janelas do Capitólio.”

“Na minha juventude, estive cercado de homens destruídos, que tentaram lavar a culpa por seu envolvimento no regime mais perverso da história com o álcool”, acrescentou Schwarzenegger, que nasceu na Áustria, em 1947.

“Nunca compartilhei isso publicamente porque é uma memória dolorosa, mas meu pai voltava para casa bêbado uma ou duas vezes por semana e gritava conosco, batia em nós e assustava minha mãe”, admitiu.

O ator, conhecido por seus papéis nos filmes “O Exterminador do Futuro” e “Conan, o Bárbaro”, não disse explicitamente que seu pai era um nazista, mas lembrou: “Meu pai e nossos vizinhos também foram enganados com mentiras, e sei aonde essas mentiras levam”.

“O presidente Trump procurou reverter os resultados de uma eleição, uma eleição justa. Ele buscou um golpe enganando as pessoas com mentiras”, acusou o ex-governador, um republicano como o presidente.

“O presidente Trump é um líder fracassado. Ele entrará para a história como o pior presidente de todos os tempos. A boa notícia é que em breve ele será tão irrelevante quanto um velho tuíte.”

“Não importa qual seja sua filiação política, peço que se juntem a mim para dizer ao presidente eleito Biden: ‘Presidente eleito Biden, desejamos muito sucesso como presidente. Se tiver sucesso, nossa nação também terá”, completou.

“E aqueles que pensam que podem atropelar a Constituição dos Estados Unidos, saibam disso: vocês nunca vão vencer”, concluiu.

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