Mundo
Cruz Vermelha afirma que evacuação da Cidade de Gaza é impossível
Israel, apesar da pressão internacional não dá sinais de que pretende suspender o plano de tomar o controle da principal cidade do enclave palestino


A presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) denunciou neste sábado 30 os planos de Israel de ordenar uma evacuação em larga escala da Cidade de Gaza antes de uma operação militar, insistindo que é impossível concretizar a medida de forma segura.
“Nas condições atuais, não há possibilidade de que uma evacuação em larga escala na Cidade de Gaza aconteça de maneira segura e digna”, afirmou em um comunicado Mirjana Spoljaric.
“A medida resultaria em um movimento populacional em larga escala que nenhuma área da Faixa de Gaza poderia absorver, dada a destruição generalizada da infraestrutura civil e a extrema escassez de alimentos, água, alojamento e assistência médica”, acrescentou.
Apesar da pressão internacional, o Exército israelense não dá sinais de que pretende suspender os planos de tomar a Cidade de Gaza, que considera um dos últimos redutos do Hamas.
Embora não tenha determinado explicitamente a saída dos moradores da maior cidade do território palestino, na quarta-feira o Exército afirmou que isto é “inevitável”.
“Muitos (civis) não estão em condições de cumprir ordens de saída devido à fome, doenças, ferimentos ou deficiência”, destacou Spoljaric.
Se uma ordem de saída for emitida, “Israel deve tomar todas as medidas possíveis para que as pessoas civis tenham condições satisfatórias de alojamento, higiene, salubridade, segurança e alimentação (…). Estas condições não podem ser atendidas hoje em Gaza”.
“Portanto, nas circunstâncias atuais, uma evacuação seria não apenas impraticável, mas também incompreensível”, insistiu.
Segundo uma estimativa da ONU, quase um milhão de palestinos estão na Cidade de Gaza.
Milhares de habitantes já fugiram da cidade, situada no norte do território devastado pela guerra, que foi desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
Nas últimas três semanas, Israel intensificou os bombardeios aéreos sobre Gaza e multiplicou as operações nas imediações da cidade, afetada pela fome, segundo a ONU.
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