Mundo
Cresce a cruzada contra o segredo bancário na UE
A renúncia do ministro francês Cahuzac, que tinha uma conta na Suíça, provocou o debate. Mas paraísos fiscais resistem
O mínimo esperado de um politico a integrar o gabinete francês é que ele seja honesto. Mas, como sabemos, políticos, mundo a fora, são cada vez menos confiáveis. O ministro francês do Orçamento Jérôme Cahuzac, admitiu ter milhões de euros escondidos em uma conta numerada na Suíça.
E renunciou.
A história não terminou.
Agora, Cahuzac está sendo investigado por “lavagem de dinheiro” por conta dos proventos da evasão fiscal.
E foi justamente a demissão de ex-ministro do Orçamento a levar o presidente François Hollande a exigir que seus 38 ministros revelassem, na segunda-feira 15, seu patrimônio, ou, como a imprensa francesa diz, “Le Grand Déballage”, a grande revelação.
A revelação foi divertida devido aos contrastes: há ministros milionários e outros muito menos endinheirados.
Por exemplo, o ministro do Exterior, Laurent Fabius, declarou um patrimônio de 6,07 milhões de euros. Por sua vez, a ministra da Habitação, Cécile Duflot, do Partido Verde, admitiu ser dona de um automóvel Renault Twingo, modelo 1999, avaliado em 1,500 mil euros.
No entanto, a evasão fiscal do senhor Cahuzac provocou uma nova cruzada contra o segredo bancário na Europa.
Angela Merkel, a chanceler alemã, está, às vésperas de eleições no seu país, na liderança de um movimento para colocar um fim de paraísos fiscais. Diante da crise do euro – provocada, segundo seus compatriotas, pela incompetência dos chamados países do sul da Europa – Merkel tem sido no mínimo ágil.
Semana passada, a chanceler alemã esteve no Reino Unido, e, ao lado do premier conservador David Cameron, reforçou o fato de que os paraísos fiscais em ilhas britânicas terão de ser monitorados. Cameron concordou.
A cruzada contra paraísos fiscais continua. Em 22 de maio, os ministros de Finanças da União Europeia (UE), debaterão o segredo bancário. A soma não é irrisória. Equivale a 1,000 bilhões de euros, ou a metade do Produto Interno Bruto (PIB) da França.
Nove países da UE reclamam uma nova legislação: França, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Itália, Polônia, Holanda, Bélgica e Romênia.
Como diz o ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici: “A luta contra a evasão fiscal tomou uma de dimensão planetária”.
No entanto, as resistências, epecialmente nos paraísos fiscais fiscais, persistem.
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