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Covid: exemplo para Bolsonaro, rei da Suécia admite: ‘Falhamos’

‘Pensemos em todas as famílias que não conseguiram se despedir dos seus mortos. É uma experiência traumática’, disse Carl XVI Gustaf

Foto: AFP
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O rei Carl XVI Gustaf, da Suécia, admitiu que o país falhou na condução do enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. A confissão foi feita em pronunciamento em rede nacional de televisão nesta quinta-feira 17.

“Quando se trata da estratégia implantada na Suécia, acho que falhamos”, declarou o rei. “Temos um grande número de mortos e isso é terrível.”

“Pensemos em todas as famílias que não conseguiram se despedir dos seus mortos. Acho que essa é uma experiência difícil e traumática, a de não ser capaz de dizer adeus”, afirmou ainda Gustaf.

Nas últimas 24 horas, a Suécia registrou um recorde de novos casos em um único dia: 8.891, além de 91 mortes. Desde o início da pandemia, o país confirmou mais de 350 mil diagnósticos positivos e 7,8 mil óbitos.

Um dos principais responsáveis, aos olhos da opinião pública, é o estrategista do plano da Suécia para enfrentar a Covid-19, o epidemiologista Anders Tegnell. Pesquisa divulgada nesta quinta aponta que o apoio popular a ele e ao rei diminuiu nos últimos dois meses. “A confiança está em uma espiral descendente”, disse Nicklas Kallebring, analista da Ipsos, à agência Bloomberg.

A Suécia optou por não decretar lockdowns ou outras duras restrições à circulação para controlar a disseminação do novo coronavírus, medida oposta à dos outros países da região. As quase 8 mil mortes registradas em solo sueco representam um número muito superior aos da Dinamarca (menos de mil óbitos), da Finlândia (cerca de 480) e da Noruega (pouco mais de 400).

Mesmo assim, Tegnell continua a defender a postura da Suécia de evitar lockdowns. Ele também já questionou publicamente a eficácia do uso de máscaras para se proteger da Covid-19. “Máscaras podem ser necessárias em algumas situações. Essas situações ainda não surgiram na Suécia”, disse o epidemiologista em entrevista no início deste mês.

Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro cita a Suécia como exemplo para sustentar seus argumentos contra a adoção de lockdowns e outras medidas restritivas por estados e municípios. No dia 14 de maio, questionado sobre o fato de o Brasil registrar mais mortos e infectados do que países vizinhos, como a Argentina, o presidente recorreu à experiência do país europeu.

“A Suécia não fechou. Pronto. A Suécia não fechou. Você tá defendendo… com toda certeza já entrou para a ideologia, você pegou um país que está caminhando para o socialismo, que é a Argentina. Outra pergunta aí”, disse Bolsonaro a um jornalista.

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