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Continuam os esforços para chegar a um acordo de trégua em Gaza

Ismail Haniyeh, líder do movimento islamista palestino Hamas, deverá chegar ao Egito nesta quinta ou sexta-feira para negociar a trégua, quase quatro meses após o início da guerra

Registro de bombardeio israelense contra a Faixa de Gaza em 24 de janeiro de 2024. Foto: Jack Guez/AFP
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O líder do movimento islamista palestino Hamas chegará ao Egito nas próximas horas para negociar uma nova trégua na Faixa de Gaza, onde os combates e os bombardeios de Israel continuam nesta quinta-feira 1º, apesar de uma situação humanitária crítica.

Ismail Haniyeh, que vive exilado no Catar, deverá chegar ao Egito nesta quinta ou sexta-feira para negociar a trégua, quase quatro meses após o início da guerra.

Em Gaza, várias testemunhas relataram bombardeios noturnos israelenses perto do hospital Nasser em Khan Yunis, a grande cidade no sul de Gaza onde Israel acredita que alguns líderes do Hamas estão escondidos.

Israel anunciou há dias que cercou a cidade e, depois de derrotar os batalhões do Hamas na sua parte leste, concentra agora as suas ações na zona oeste.

Cerca de 184 mil palestinos se registraram para pedir ajuda humanitária depois de terem sido forçados a abandonar aquele setor, afirmou a ONU, que denunciou “intensos bombardeios” em toda Gaza, em particular em Khan Yunis.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou nesta quinta-feira que os bombardeios da noite passada deixaram 119 mortos na Faixa. Por sua vez, a agência palestina Wafa relatou violentos confrontos em Tubas, na Cisjordânia ocupada.

“À beira do abismo”

Quase quatro meses de guerra devastaram a Faixa de Gaza, onde Israel também aplica um bloqueio rígido à entrada de alimentos, água, medicamentos e energia.

A população está “morrendo de fome” e “está à beira do abismo”, alertou na quarta-feira o diretor do programa de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan.

Além disso, o território é “inabitável”, com metade dos seus edifícios destruídos, afirmou em um relatório a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.

A situação corre o risco de ser agravada pela suspensão de doações de vários países à Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), depois que Israel acusou 12 funcionários do organismo de envolvimento no ataque do Hamas em 7 de outubro.

Nesse dia, combatentes do movimento islamista entraram no sul de Israel e mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Também sequestraram cerca de 250 pessoas e as levaram para a Faixa de Gaza. Mais de 100 pessoas foram libertadas em uma primeira trégua em novembro, em uma troca com prisioneiros palestinos.

Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre para “aniquilar” o Hamas, grupo classificado como terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Esta operação já deixou mais de 27 mil mortos, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o balanço atualizado do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamista.

Proposta de trégua

Para reforçar a negociação de uma segunda trégua, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, voltará ao Oriente Médio “nos próximos dias”, disse uma fonte de alto escalão do governo do país.

O líder do Hamas, que vive no Catar, deverá abordar no Egito uma proposta de acordo formulada durante uma reunião em Paris entre o diretor da Inteligência dos EUA, William Burns, e autoridades egípcias, israelenses e cataris.

Uma fonte do Hamas indicou que o movimento islamista está analisando uma proposta que consiste em três fases.

A primeira incluiria uma trégua de seis semanas durante a qual Israel libertaria entre 200 e 300 prisioneiros palestinos em troca de 35 a 40 reféns. Além disso, entre 200 e 300 caminhões de ajuda humanitária poderiam entrar em Gaza todos os dias.

O Hamas exige um cessar-fogo completo como pré-condição para qualquer acordo, enquanto o governo israelense se limita a falar em uma pausa nos combates, mas não em terminar a sua operação em Gaza.

“Não vamos retirar o Exército da Faixa de Gaza nem libertaremos milhares de terroristas. Nada disso acontecerá”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na terça-feira.

Além da mediação dos Estados Unidos, Catar e Egito, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ofereceu-se para negociar a libertação dos reféns israelenses por meio de uma “comissão de paz”.

A proposta responde a uma carta privada de Netanyahu, com data de 11 de janeiro, na qual o líder israelense pediu que fizesse “todos os esforços” para interceder pelas pessoas detidas pelo Hamas.

“Considero uma prioridade avançar rapidamente para o fim das hostilidades e iniciar negociações para a libertação de todos os reféns”, disse Petro, que apoia abertamente a causa palestina e acusa Israel de cometer “genocídio” em Gaza.

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